segunda-feira, 18 de julho de 2011

O Início

 
René François Ghislain Magritte 
A reprodução interdita, 1937
Óleo s/ tela, 81,3 x 65 cm
Saudações, estimado leitor. Inicia-se aqui minha ordinária e teimosa participação dominical no caderno de Variedades do respeitado jornal Mogi News, na qual abordarei temas relacionados à Literatura e afins. De antemão, posso garantir que farei o possível para o não entediar em demasia. Se o contrário, peço que compreenda a empolgação diletante, o “pastel”: é que, às vezes, esta barra escura, piscando intermitente, ensaiando duelo em luminosa folha falsa, precipita palavras exageradas e estas, soltas que são, fatigam fácil olhares ávidos por textos enxutos, objetivos, secos como o deserto. Também, caso lhes pareçam agressivas, despropositadas e irônicas em excesso (como evitar “esse movimento ao canto da boca, cheio de mistérios, inventado por algum grego da decadência”?), suplico que não as maltrate. Assumo a culpa. Escrever é também educar as irrequietas palavras. Torço, sob pena de parecer um estúpido arrogante, para que este seja também um canal de diálogo, discussão, pois nada menos a Arte Literária merece. Para tanto, disponibilizo meu e-mail e prometo que estarei atento às críticas e comentários. Quanto a mim (e pediram que me apresentasse) sou um professor mogiano que de vez em quando tropeça num verso. Tenho família, livros, amigos, poemas e eles me embalam a alma. Não tenho superpoderes, mas carrego uma miopia leve e eufemística. Quando criança, brincava bastante com letras e este acabou sendo meu destino. Não gosto de tudo o que leio e isso irrita um pouco as pessoas, particularmente aquelas que bocejam péssima literatura em capas bonitas. Não acredito em vampiros e muito menos em textos supostamente literários que nada somem à experiência vivida. Literatura sincera é aquela que, desdobrada em significados, esmiúça a condição humana, revelando-nos mais a nós mesmos. Como diria o outro: “todo leitor é, quando lê, o leitor de si mesmo”. Vale!
«O gram juizo esperando
jaço aqui nesta morada
também da vida cansada
descançando.
Pergunta-me quem fui eu
atenta bem para mi
porque tal fui coma ti
e tal has de ser com'eu.
E pois tudo isto vem
ó lector, de meu conselho
toma-me por teu espêlho
olha-me e olha-te bem. »
Epitáfio do dramaturgo humanista Gil Vicente (escrito pelo próprio), em Évora, na Igreja de São Francisco.
 
MIRANDA, Rafael Puertas de. O Início. Jornal Mogi News, Mogi das Cruzes, 29 de Maio de 2011. Caderno Variedades, p. 03.

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Certos textos realmente possuem o poder de nos encantar, é como se cada palavra se encaixasse perfeitamente com aquilo que vivenciamos, o modo como percebemos o mundo, as relações humanas.

    Magritte... As telas dele carregam uma visão singular, e mostrando situações incomuns, ele parece reproduzir um pouco do mundo...

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