quinta-feira, 24 de maio de 2012

Pessoa em palavras

No início desta semana, sabedores que são do meu extremo apreço pela obra do poeta modernista Fernando Pessoa, vários alunos me abordaram com uma enxurrada de perguntas, motivadas pela singela homenagem do sítio de buscas “Google” ao 123º aniversário de nascimento do inventivo escritor português (Doodle abaixo). Alegrei-me.


Fernando António Nogueira Pessoa (nascido em 13 de Junho de 1888) é, incontestavelmente, um dos maiores poetas e escritores da língua portuguesa e nunca deixou (ou deixará) de despertar o interesse renovado de leitores apaixonados, críticos atentos e estudiosos astutos do mundo todo. Cabe destacar, ainda, que nosso país sempre desempenhou um papel fulcral e admirável na recepção crítica do autor de Mensagem.
Recentemente, como espécie de celebração ao esforço intelectual tupiniquim, o senhor José Paulo Cavalcanti Filho lançou, com muito alarde, a obra Fernando Pessoa, uma quase biografia (Editora Record) apresentada como o único texto biográfico pessoano escrito por um brasileiro e talvez o mais completo, o definitivo.
Em poucas semanas, o livro se esgotou nas prateleiras. Quando li as teimosas declarações do advogado pernambucano a respeito de sua obra, “quase” tive um colapso: “Fernando Pessoa é o menos imaginativo dos poetas; não tinha imaginação, tudo o que escreveu estava a sua volta” (O que é Intuição?), “reduzi os adjetivos e utilizei, em média, três vírgulas antes do ponto final, assim como Fernando em seus escritos” (?). Além disso, resolveu remodelar/distender o conceito de heterônimo, ampliando o número de “personas” criadas pelo português (não seriam 72, mas 127; seguindo sua nova teoria). O querido leitor já supõe (e não está errado) que resolvi ignorá-lo.
Mas, a velha compulsão bateu à porta e, num arroubo, apossei-me de uma segunda edição do alardeado livro. A bibliografia disponibilizada é completa e vale: lá estão listados textos raros a respeito do poeta. Quanto ao conteúdo, pouco surpreendente. Ademais, fica o ressaibo: não gostei nada do tratamento dado a professora Yvette Centeno, autora de “A filosofia hermética na obra de Pessoa” (entre outras); a respeito da filiação ou não do poeta às tradições do Rito Alquímico. As reservas continuam.
***
Não encontro palavras que exprimam o profundo agradecimento pela receptividade dada ao meu texto anterior pela Professora Ivone Marques Dias de cujo trabalho intelectual sou um grande admirador. Como é difícil transformar a sincera estima pela pessoa em palavras.

MIRANDA, Rafael Puertas de. Pessoa em palavras. Jornal Mogi News, Mogi das Cruzes, 19 de Junho de 2011. Caderno Variedades, p. 03.

Um comentário:

  1. http://antonioquadros.blogspot.pt/2012/05/verdadeira-historia-de-eliezer.html

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