segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Das Redes Sociais


De uns tempos para cá, alguns setores da sociedade têm, de maneira quase ostensiva, problematizado a essência do papel desempenhado pelas novas instâncias virtuais denominadas "Redes Sociais" que, além de serem eficazes formas de comunicação, também proporcionam a difusão, apreensão e elaboração de conhecimentos de diversas áreas da atividade humana.
Há alguns dias, durante uma entrevista na qual divulgava o lançamento de seu insincero e maçante livro ilustrado de autoajuda (forte candidato à gôndola de supermercado), "A Queda, as memórias de um pai em 424 passos" (Ed. Record), o senhor Diogo Mainardi fora informado de que era um dos principais assuntos da rede "Twitter". Revoltado, revidou, afirmando que os usuários destes novos espaços "são todos uns otários".
Vale lembrar que, durante o apogeu da praticamente inativa rede pioneira conhecida como "Orkut", o mesmo Mainardi liderava listas de "comunidades reação", ou seja, aquelas que zombavam e desmereciam medíocres figuras públicas, ou de círculos pessoais. Um verdadeiro marco.
Ainda sobre o Orkut, é muito curioso observar sua inatividade. Nesta rede, encontram-se centenas de milhares de comunidades com discussões acaloradas sobre os mais interessantes e diversos assuntos (este sistema serviu de inspiração para as principais plataformas de educação virtual disponibilizadas por universidades brasileiras).
Agora, todo o conhecimento produzido por estes calorosos debates (fóruns virtuais) fica perdido nesta "nuvem inoperante". É de se esperar, portanto, que, num futuro não muito distante, saberemos da existência de uma espécie de "pesquisador/arqueólogo de conteúdo de redes sociais extintas".
Na área da Educação, vários cursos têm explorado as possibilidades pedagógicas de todas as ferramentas conhecidas como TIC´s, incluindo as redes, responsáveis por uma espécie de "inteligência coletiva", além de serem importantes mecanismos de efetivação da subjetividade (segundo o pensador Gilles Deleuze, "o Virtual não se opõe ao Real, mas apenas ao Atual - da distinção aristotélica entre Ato e Potência. O Virtual possui uma plena realidade como Virtual e deve ser definido como uma parte própria do objeto Real").
Na prática, no entanto, o que ainda se vê é a plena "demonização" destes meios ("aluno não pode saber a senha do WI-FI, ou acessar redes com celulares e máquinas da escola"); a contramão da história.
Enquanto as proibições abundam, um outro universo de cidadania se constrói: os populares App´s (aplicativos), convencionalmente utilizados em dispositivos móveis (tablets, smartphones, etc).
Os principais sistemas operacionais do mercado (Android, iOS, Symbian, etc) disponibilizam gratuitamente tais ferramentas de acesso e, de uns tempos para cá, propiciaram a larga instrumentalização de determinadas redes, gerando, assim, novas experiências.
E não duvide, querido leitor, da capacidade do brasileiro de utilizar tais meios de forma inovadora, transgressiva e criativa (somos "antropófagos", também, do mundo virtual).
***
Por meio de uma rede social, uma estudante brasileira denunciou o abandono da escola onde estuda, utilizando o espaço como legítima ferramenta de construção da cidadania. Vale!

MIRANDA, Rafael Puertas de. Das Redes Sociais. Jornal Mogi News, Mogi das Cruzes, 09 de Setembro de 2012. Caderno Variedades, p. 07.

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