tag:blogger.com,1999:blog-52110122665941385372024-02-19T14:12:24.098-03:00oleitordesimesmoRafael Puertas de Mirandahttp://www.blogger.com/profile/18274112015745239303noreply@blogger.comBlogger92125tag:blogger.com,1999:blog-5211012266594138537.post-38577778970980189842021-04-27T20:22:00.002-03:002021-04-27T20:22:30.759-03:00Resultado do Concurso "Gênesis da Poesia".<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><iframe allowfullscreen="" class="BLOG_video_class" height="462" src="https://www.youtube.com/embed/sVo42RJHztA" width="556" youtube-src-id="sVo42RJHztA"></iframe></div><br /> <p></p>Rafael Puertas de Mirandahttp://www.blogger.com/profile/18274112015745239303noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5211012266594138537.post-41280190469220789392020-09-18T11:50:00.004-03:002023-11-27T10:45:21.930-03:00Conto Fantástico "A Aranha", de Rafael Puertas de Miranda.<div><div style="text-align: justify;"><b><span style="font-size: 14pt;"><span style="font-family: inherit;">A
Aranha</span></span></b></div><div style="text-align: justify;"><b><span style="font-size: 14pt;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiq7o6ksHcHLNxmYTI9QmglmGMMdd47IRXxHHgzjdLh5iXJjJF00TxdOS41qn_4eBzgEepODu-OBCW7y1jN3-j0tlRUgJjxsZMbKmVANm-cFzCZgAhrlQhTR3IEeJfSq5HqI5LBz4Vt-yA/s1525/foto16cul-201-bruno-d26.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1525" data-original-width="984" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiq7o6ksHcHLNxmYTI9QmglmGMMdd47IRXxHHgzjdLh5iXJjJF00TxdOS41qn_4eBzgEepODu-OBCW7y1jN3-j0tlRUgJjxsZMbKmVANm-cFzCZgAhrlQhTR3IEeJfSq5HqI5LBz4Vt-yA/s320/foto16cul-201-bruno-d26.jpg" /></a></div></span></b></div><span style="font-size: medium;"><p style="text-align: justify;"><span> </span>Eu não acredito em assombração ou em forças sobrenaturais, mas ainda não me recuperei completamente daquele acontecimento atordoante.<br /><span> <span> </span></span>Era um feriado prolongado e as atividades na Universidade estavam suspensas. Meu colega de quarto, Rogério, convidou-me para passar estes dias mortos na casa de sua Tia Alberta, que vivia em Ubatuba.<br /><span> </span>A viagem foi agradável e sem imprevistos. Chegamos à residência de Alberta no final da tarde. Era uma casa assobradada, espaçosa e arejada. As enormes paredes da sala eram adornadas com máscaras tribais, talvez de origem havaiana, que combinavam com a atmosfera do lugar.<br /><span> </span>Uma enfermeira cuidava da parenta de Rogério que, por conta de algum acontecimento traumatizante desconhecido da família, passava os dias em silêncio, sentada numa cadeira de balanço, penteando seus longos cabelos negros como a noite. Chegaram a cogitar um grave quadro depressivo.<br /><span> <span> </span></span>Senti certa tristeza, pois esperava uma recepção mais calorosa. A senhora idosa, com seus olhos estáticos, enchia-me de aflição. Sentada no sofá, acompanhava seus movimentos metódicos. Às vezes, esperava que ela se mexesse e se levantasse, rompendo subitamente com aquele estado de transe que teimava abismo.<br /><span> </span>— Mas esse cachorro não para de latir nunca? – disse Rogério, incomodado com o cão do vizinho, enquanto levava nossas malas para os quartos, no andar de cima.<br /><span> </span>O animal, desde a nossa chegada, manifestava uma irritação anormal.<br /><span> </span>— Acho que esse cachorro é louco! Mudou há pouco para cá. Átila é o nome dele. Passa o dia inteiro latindo. – explicou a enfermeira, já acostumada com os desvarios do cão.<br /><span> </span>Lembro-me bem de que, quando me deitei para dormir, na cama do quarto de hóspedes, ainda ouvia os latidos do nosso vizinho inconveniente. Levou tempo para que eu pegasse no sono.<br /><span> </span>De madrugada, aconteceu o incidente. Meio enjoada, despertei com uma sede terrível. Percebi, antes de sair do quarto em busca de um copo com água, que havia algo de diferente.<br /><span> </span>Demorei para me dar conta de que o cão amalucado estava em silêncio profundo. Decerto, esgotou-se e agora, inerte como uma pedra, dormia em algum canto do jardim; pensei comigo.<br /><span> </span>Desci as escadas, preocupada em não fazer barulho. Não queria acordar ninguém. Já estava saltando o último degrau, quando notei, de soslaio, um movimento estranho, num dos cantos da sala.<br /><span> </span>Virei-me rapidamente e vi uma cena inexplicavelmente bizarra. Alberta estava de pé próxima à parede e seus cabelos, como se fossem dotados de vontade própria, erguiam-na do chão, escalando as reentrâncias do reboco rústico, pouco a pouco.<br /><span> </span>Os fios, como uma enorme e felpuda aranha negra, pareciam ter vida própria e se expandiam em silêncio, embora pulsassem como se fossem embalados por uma energia sinistra e invisível, irradiada sabe-se lá de onde.<br /><span> </span>Lembro-me nitidamente do terror que me congelava as pernas, subindo pelo meu corpo como os cabelos escuros subiam pela parede. Nenhum som conseguia brotar da secura da minha boca.<br /><span> </span>Então, a minha visão foi escurecendo e, quando recobrei a consciência, era de manhã e estava esparramada no tapete da sala vazia. Arrastei-me até o quarto para dormir mais algumas horas e quando acordei novamente, Rogério me chamava para o café. <br /><span> </span>Tudo voltara ao normal. Alberta repousava em silêncio na cadeira de balanço, o Sol invadia a casa pela vidraça, o cachorro latia obstinadamente e o meu amigo de faculdade se preparava para um dia inteiro na praia.<br /><span> <span> </span></span>Demorou um pouco, mas criei coragem e contei a história toda para Rogério. Ele desconversou e me disse que certamente eu teria sonhado com tudo aquilo. <br /><span> </span>— Acho que você é sonâmbula! – disse rindo e, em seguida, percebendo a minha preocupação, mudou rapidamente de assunto.<br /><span> </span>Naquela tarde, arrumei as minhas malas e voltei para a Capital, abandonando de vez todo aquele mistério, meu amigo, o Sol, a praia e o barulho infernal daquela fera insistente que rasgava o silêncio do dia.<br /><br /></p><p style="text-align: justify;">© Rafael Puertas de Miranda</p></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: 14pt; text-align: justify;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 14pt;"></span></div></span></span></div>Rafael Puertas de Mirandahttp://www.blogger.com/profile/18274112015745239303noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-5211012266594138537.post-77991348696932066962016-03-21T01:48:00.001-03:002020-09-20T23:17:32.329-03:00Capitu, adorável traidora.<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjHTdGAfbYuMhtZpSRAOOrF8AoXMzXkgWs_wDjtuCLH2wHDfB7n81pwT2kOo7W5ZSIyftUR8_SCEuL5Yuq3w6v9_gBaJ9Rmd9LxRjwP0FCMFqLCtfh5UhwtvbXM-IMmA659AvTkrrdhY0E/s1600/capitu.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="268" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjHTdGAfbYuMhtZpSRAOOrF8AoXMzXkgWs_wDjtuCLH2wHDfB7n81pwT2kOo7W5ZSIyftUR8_SCEuL5Yuq3w6v9_gBaJ9Rmd9LxRjwP0FCMFqLCtfh5UhwtvbXM-IMmA659AvTkrrdhY0E/s320/capitu.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, serif;"></span> </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, serif;"><span> </span>Desde que a crítica estadunidense Helen Caldwell publicou, na década de 1960, o inusitado livro: “O Otelo brasileiro de Machado de Assis”, uma verdadeira onda de acólitos, estrangeiros e nacionais, abraçou, nos anos que se seguiram, a causa da plena absolvição da personagem Capitolina, acusada de adultério descarado pelo próprio marido, Bento Santiago, no romance “Dom Casmurro (1899)”, de Machado de Assis. </span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, serif;"><span> </span>Segundo Helen, o brasileiro comum, vítima de uma mentalidade contaminada por uma estrutura tipicamente patriarcal, machista, tende a enxergar a promiscuidade onde não há e o problemático e obsessivo narrador personagem do romance não merece a mínima confiança. Consolidou-se, desta maneira, a hipótese rala de que não houve traição, para desespero de muitos dos guardiões de nossas letras.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif";"><span> </span>Em verdade, desde as primeiras páginas de Dom Casmurro, somos apresentados a um Romance “Omisso"; repleto de lacunas a serem preenchidas segundo as orientações de um homem traído</span><span style="font-family: "Georgia","serif";">. Vários críticos contemporâneos de Machado, entre eles Arthur de Azevedo, repercutiram o lançamento da referida obra, destacando-a como uma empolgante história de traição e o Bruxo do Cosme Velho, que era profundamente cioso de seus textos, nunca escreveu nada a respeito destas análises, desmentindo-as, satirizando-as. Àquela altura, a personagem era tratada como uma traidora.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, serif;"><span> </span>A atrevida Capitu, filha de “Pobres-Diabos”, sabe que deve, a todo custo, “entrar” para a casa da endinheirada família Santiago; prover sua ascensão social. Num primeiro momento falha, pois Bentinho, executando a promessa da mãe (falta iniciativa ao coitado para negar sua sina infeliz), interna-se num seminário. </span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, serif;"><span> </span>Quando tem a oportunidade de retornar à casa materna, o rapaz se depara com uma Capitu inconfortavelmente travestida de “agregada”, fazendo pose de filha substituta na sala de D. Glória. </span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, serif;"><span> </span>Adiante, a obrigação do seminário é contornada e a moça pode, enfim, livrar-se do fingimento e dedicar-se novamente ao projeto inicial. Agora, nada impediria o casamento dos dois enamorados. Chegara a hora de gozar a plena felicidade. </span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, serif;"><span> </span>No entanto, para satisfação da sanha devassa do tempo que não costumava ignorar esse tipo de evento caseiro e constrangedor, dois anos escorrem e o casal não é capaz de gerar um filho. <span> </span>Esse desgosto os atormenta (ambos têm seus motivos); <em>"nada corria bem".</em></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, serif;"><span> </span>Bentinho não é o primeiro tipo estéril da galeria Machadiana e ninguém melhor do que o autor realista para abordar tal assunto: Machado não teve filhos (dentro do casamento, segundo as más línguas).</span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, serif;"><span> </span>E, assim, depois de muita espera e reza, nasce uma criança, seguida de uma suspeita, uma certeza, um exílio e, no fim, a solidão.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia","serif";"><span> </span>Depois desta exposição, espero que não me compreenda mal, querido leitor: Capitu é, surpreendente, moderna. Bem mais interessante e poderosa do que muitas mulheres que encontramos pela estrada à fora (ela torceu o próprio destino). Machismo, portanto, é atestar veementemente que uma moça tão autêntica, decidida, criativa, sedutora e extrovertida não trairia um homem tão esvaziado de iniciativa quanto Bento Santiago, um "boco-moco". Não duvidem: Capitu realizou-se. Ela nos olha.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 2cm;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span class="apple-style-span"><span style="color: black; font-family: "Georgia","serif";">MIRANDA, Rafael Puertas de. <i>Capitu, adorável traidora</i>.<b> Jornal Mogi News</b>, Mogi das Cruzes, 05 de Junho de 2011. Caderno Variedades, p. 03.</span></span></div>
Rafael Puertas de Mirandahttp://www.blogger.com/profile/18274112015745239303noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-5211012266594138537.post-27651109032005030052014-10-17T01:47:00.000-03:002015-07-26T22:48:26.601-03:00Papo de Arroz: Anderson Magalhães e seu "Desespero".<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMvaRnTqb1H3wdWGw3xVXvNinuwmUJppffF35IYSMgtsjRs03TPPROmIGS0vqI94kN5lVb1z0FxGAkQ3lRO43AYpdFXv2_kkkln_rTQ1xPpPPnbE6zs9MxRQu9NbyWHMqhDQo-G3Y1GJ8/s1600/arrozcarolino9.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="211" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMvaRnTqb1H3wdWGw3xVXvNinuwmUJppffF35IYSMgtsjRs03TPPROmIGS0vqI94kN5lVb1z0FxGAkQ3lRO43AYpdFXv2_kkkln_rTQ1xPpPPnbE6zs9MxRQu9NbyWHMqhDQo-G3Y1GJ8/s1600/arrozcarolino9.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Ainda nesta
semana, entre os trancos e barrancos de uma vida atarefada, chegou aos meus
olhos a edição de novembro da revista Actual Magazine (nº 15), distribuída
gratuitamente nos municípios da região. Para minha profunda surpresa e decepção,
a referida publicação trazia, no seu típico miolo desmiolado, um texto intitulado
“Desespero”, escrito pelo colunista social Anderson Magalhães, singelo arroz de
festa da noite mogiana. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Valendo-se de
um discurso asqueroso, rancoroso e esvaziado de bom senso, Magalhães propõe uma
sistemática campanha para evitar que o “povão” vote no segundo turno, o que,
segundo ele, resultaria na derrota do grupo político que administra o governo
federal; a famigerada “situação”. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Sua ampla concepção
de “povão” (leia-se: pobres, imbecis e desclassificados) abrange, de maneira
tocante e arbitrária, traficantes, empregadas domésticas, entusiastas do “forró”,
porteiros, passageiros de trens e de ônibus, expectadores da TV aberta,
analfabetos e, principalmente, Nordestinos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Segundo o
articulista pouco articulado, caso estes indivíduos sejam boicotados,
trancafiados, interditados, desintegrados, sequestrados (e etc.); na hora do
pleito, o resultado da eleição será (ou seria) outro. Afinal de contas, para
que existe a democracia, não é mesmo? Que não saiam da senzala!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Enfim, o fim!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Pouco tempo
depois da publicação do texto, Magalhães postou uma breve retratação nas redes
sociais, afirmando que fora “mal interpretado” e que sua intenção era apenas a
de ser “irônico”. Sua suposta “intenção”, no entanto, não o absolve de suas
injúrias e a revista (o contexto da publicação) amplifica a sua brutalidade:
não há foto de “povão, segundo Magalhães”, naquelas bandas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Como sujeito
ordinário que sou, usuário de transporte público metropolitano e leitor assíduo
de Lima Barreto, Machado de Assis, Fernando Pessoa e Fiódor Dostoiévski, espero
que o meu direito de votar não seja usurpado. Nossa democracia é anêmica e,
definitivamente, não pode ser alvo de ignorâncias rasteiras dessa natureza.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Também o arroz
é vítima de seu próprio veneno. Ao anunciar o eleitor ideal, vocifera: “e, para
ter seu voto validado, todos terão de formular uma frase inteira sem erros de
concordância e com todos os plurais”; mas, contrariando-se, no início do texto,
escorrega feio: “faça com que Dilma e sua corja <b><u>perca</u></b> seus votos”! Que é isso, rapaz? Ou vai me dizer que
forçou uma "concordância ideológica"? Olha, nesse caso, não<b> <u>há</u></b> salvação! (Risos).</span><o:p></o:p></div>
Rafael Puertas de Mirandahttp://www.blogger.com/profile/18274112015745239303noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-5211012266594138537.post-35416159256677650482013-10-10T23:32:00.001-03:002020-05-07T13:41:37.926-03:00Das possibilidades<div align="justify">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhDyK8CGM_ihcvfECX53cbnhG-p9Bs9yWQphXBbc3XQcRiJGx8H2f46ys1yvJhBPoaXE6q6LACB80OB6eKqRPFCpT4MRCR3paUnPXZSXDAVPAXHlSAdN5Cwf7PrHLVghzmOBqJFTyCZXCg/s1600/Machado+e+M%25C3%25A1rio.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="597" data-original-width="847" height="281" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhDyK8CGM_ihcvfECX53cbnhG-p9Bs9yWQphXBbc3XQcRiJGx8H2f46ys1yvJhBPoaXE6q6LACB80OB6eKqRPFCpT4MRCR3paUnPXZSXDAVPAXHlSAdN5Cwf7PrHLVghzmOBqJFTyCZXCg/s400/Machado+e+M%25C3%25A1rio.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div align="center" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-size: 9.5pt;">Mário Cochrane de Alencar (1872-1925)
e Joaquim Maria Machado de Assis (1839-1908).<o:p></o:p></span></div>
</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"> No interessante trabalho: “Realidade Possível:
dilemas da ficção em Henry James e Machado de Assis” (Vol. 41 da Coleção
“Estudos Literários” - Ateliê Editorial, 2012), o crítico e professor Marcelo
Pen Parreira, ao analisar os pontos de convergência entre o autor
norte-americano e o brasileiro com enorme clareza e amplo repertório (dignos de
um eficiente “comparatista”), destaca a carência de provas que ajudem a
dimensionar com exatidão a ligação, ou o tipo de influência que o autor americano
tenha exercido sobre o autor brasileiro. </span></div>
<div align="justify">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"> Aparentemente, Machado não leu as obras de seu
contemporâneo, não as possuía em sua vasta biblioteca e não as teria comentado
em seus artigos, cadernos, anotações esparsas e escritos íntimos. Também restam
dúvidas quanto ao domínio da língua inglesa. Mesmo traduzindo canhestramente o
poema “O Corvo” (de Poe) e até mesmo Oliver Twist (de Dickens), há indícios de
que tenha se valido, na verdade, de edições francesas das referidas obras (Machado
dominava a língua francesa). Segundo Marcelo Pen: “O certo é que James nunca
leu Machado, e é provável que o segundo também não tenha tido grande (ou nenhum)
conhecimento do primeiro”.</span></div>
<div align="justify">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"> Pairando sobre o campo das possibilidades, o
jornalista e escritor carioca Carlos Heitor Cony (1926-), no ano de 1999,
passou a divulgar suas conjecturas a respeito de um intrigante episódio da
biografia machadiana. Ao vasculhar o polêmico “Diário Secreto”, do escritor
Humberto de Campos (1886-1934), publicado com estardalhaço na revista O Cruzeiro;
localizou, num trecho de uma das impressões pessoais do autor maranhense,
insinuações de que Machado de Assis seria o pai biológico do também escritor
Mário de Alencar, supostamente filho do escritor romântico José de Alencar.</span></div>
<div align="justify">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"> Mário, filho de Georgina Augusta Cochrane (“filha
de um aristocrata britânico excêntrico”), possuía alguns traços fisionômicos de
Machado, amigo da família, além de manifestar a mesma enfermidade que
debilitava o autor realista: a epilepsia. No final da vida, o bruxo do Cosme Velho
o transformou em amigo íntimo, recomendando-o, inclusive, à ABL, onde o rapaz
foi agraciado com o título de imortal, tendo apenas publicado um livro (Mário
sendo acolhido à casa do pai, ao menos, simbolicamente-?). Também, o romance "Dom Casmurro" (1899) seria uma espécie de espiação: a traidora Capitu seria o alter ego de Machado.</span></div>
<div align="justify">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"> Dando razão a Cony, resta saber o quanto da cultura
inglesa Machado levou consigo destes encontros clandestinos com a mulher de
Alencar.</span></div>
<div align="justify">
</div>
<div align="justify">
<span style="font-family: "calibri";"><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><span style="background-color: white; font-size: 11.5pt; line-height: 21px;">MIRANDA, Rafael Puertas de. <em>Das possibilidades</em>. </span><b style="background-color: white; font-size: 15px; line-height: 21px;"><span style="font-size: 11.5pt;">Jornal Mogi News</span></b><span style="background-color: white; font-size: 11.5pt; line-height: 21px;">, Mogi das Cruzes, 22 de Setembro de 2013. Caderno Variedades, p. 07.</span></span></span></div>
<div align="justify">
</div>
Rafael Puertas de Mirandahttp://www.blogger.com/profile/18274112015745239303noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5211012266594138537.post-28068389881068673372013-09-08T17:08:00.002-03:002015-07-26T22:21:05.866-03:00Da amizade<div align="justify">
</div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh3ZckjK0MnbOpQf_hJb2lH97m7vRLpeQj_13BtF6FRxuUTTPk2Pv1CYNYEg59TOsvSfNXIP0dgNDSnYS7uobO4PeDbeDvazo4OgurQ2yFoDEobRJ0H9UNl2TL-J56e-147TYL6KfQqqu8/s1600/mario_de_andrade_1366206944.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh3ZckjK0MnbOpQf_hJb2lH97m7vRLpeQj_13BtF6FRxuUTTPk2Pv1CYNYEg59TOsvSfNXIP0dgNDSnYS7uobO4PeDbeDvazo4OgurQ2yFoDEobRJ0H9UNl2TL-J56e-147TYL6KfQqqu8/s320/mario_de_andrade_1366206944.jpg" width="302" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Mário de Andrade. Desenho: Odiléa Setti Toscano</td></tr>
</tbody></table>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"> No interessante ensaio intitulado “O Ateneu”,
publicado em 1941 e, em seguida, agregado à obra “Aspectos da Literatura
Brasileira”, o crítico e poeta modernista brasileiro Mário Raul de Moraes
Andrade (1893-1945) demonstra sua inquietação diante do fato de que, no
referido romance de Raul Pompeia (1863-1895), retrato da vida colegial do
narrador protagonista Sérgio (e espécie de vingança do próprio autor contra o
seu internamento no colégio Abílio, nos tempos de estudante), predomina um insuperável,
trágico e absurdo traço conceptivo: a insensibilidade do escritor fluminense ante
a idade da adolescência e o sentimento de amizade.</span><br />
<span style="font-family: Georgia;"> Manifestando um temperamento atormentado e
polêmico, Raul Pompeia, que poria um fim à própria vida aos trinta e três anos
de idade com um tiro certeiro no coração, sempre se esquivara das pessoas e, segundo
Mário de Andrade, daí se originaria sua “insensibilidade” diante desse
sentimento: </span></div>
<div align="justify">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">
<em>“Parece hoje verdade assentada que Raul Pompeia não
teve nenhum amigo íntimo, que lhe frequentasse a casa e a alma nua. Só teve
‘amigos de rua’, diz Eloy Pontes. Rodrigo Otávio, que morou paredes meias com
ele, conta que tinham ambos, de sacada a sacada, conversas longas(...). E
viveram tempos nesse lerolero sem que jamais Pompeia abrisse ao companheiro as
portas de casa. E muito menos de seu coração.</em></span><br />
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"><em>Assim guardado, assim escondido em si mesmo, é
possível que ele arrastasse consigo algum segredo mau, uma tara, uma desgraça
íntima que jamais teve forças pra aceitar lealmente e converter a elemento de
luta e de realização pessoal. E por isso, jamais poude conquistar para seu
completamento e aperfeiçoamento, a sublime graça de um amigo íntimo. E o
reflexo dessa falha está no Ateneu (...)”.</em></span></div>
<div align="justify">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">
Considerando a chave de interpretação sugerida por
Mário, pode-se pensar exatamente o contrário em relação ao escritor português
Eça de Queirós (1845-1900), que nos presenteou com os mais escaldantes exemplos
de amizade disponíveis nas prateleiras dos cascudos romances realistas de fins
do século dezenove. Assim o é a personagem Zé Fernandes, de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">A Cidade e as Serras</i>, como também o "<i style="mso-bidi-font-style: normal;">tronco de árvore"</i>, o Sebastião, o
Sebastiarrão; amigo inseparável de Jorge n’<i style="mso-bidi-font-style: normal;">O
Primo Basílio</i>.</span></div>
<div align="justify">
<span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US;"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"> Ironias
à parte, também faltou a Mário a tal “força” a ser convertida em elemento de luta:
há fantasmas no (ar)mário. Entretanto, para o autor de Macunaíma não faltaram
amizades verdadeiras.</span></span><br />
<span style="font-family: Georgia;"></span> </div>
<div align="justify">
<span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 11pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US;"></span><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span style="background-color: white; line-height: 21px;">MIRANDA, Rafael Puertas de. <em>Da amizade</em>. </span><b style="background-color: white; line-height: 21px;">Jornal Mogi News</b><span style="background-color: white; line-height: 21px;">, Mogi das Cruzes, 08 de Setembro de 2013. Caderno Variedades, p. 07.</span></span></div>
Rafael Puertas de Mirandahttp://www.blogger.com/profile/18274112015745239303noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-5211012266594138537.post-76889924027519028852013-09-08T16:34:00.001-03:002015-07-26T22:24:20.224-03:00Da "Teoria do Arroz"<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjsTCMMKmyQgsmIp_VUeEtcJ1dvmegaewEyIGdG-HRjIxZyfc4o-R9vjfY8bg001_vcf-8PsCdPAnwd_kgmKGYlMhHaAHEj5X6gOtB4Faid8GUSNxQTKUdwzhD30nUi9mVYy5rD9AZJU5A/s1600/arroz.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjsTCMMKmyQgsmIp_VUeEtcJ1dvmegaewEyIGdG-HRjIxZyfc4o-R9vjfY8bg001_vcf-8PsCdPAnwd_kgmKGYlMhHaAHEj5X6gOtB4Faid8GUSNxQTKUdwzhD30nUi9mVYy5rD9AZJU5A/s320/arroz.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div align="justify">
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"> Certa vez, num de seus brejeiros e entusiásticos arroubos
arrebatadores de discípulos, Monteiro Lobato sentenciara que a Literatura
Brasileira passava por uma crise séria de “falta de vitamina”; avitaminose
séria. Isto porque, segundo o pai da Emília, muito escritorzinho, com o intuito
de fazer de suas páginas o suprassumo do acabamento da composição, despreza as
“insignificâncias da língua viva”. Como resultado, as obras anêmicas
desapareciam logo das prateleiras e seus apáticos autores amargavam fundo
ostracismo. </span></div>
<div align="justify">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"> A fim de alinhavar a própria tese, coroando-a com
situações históricas análogas, Lobato costumava citar a “teoria do arroz”, passagem
célebre da biografia da Vitamina B: “Os holandeses de Java comiam o melhor
arroz disponível, arroz polido, e eram devastados pelo beribéri, enquanto os
nativos, que comiam arroz da pior qualidade, com película e tudo, desconheciam
a moléstia. Até que especialistas descobriram que o preventivo da doença e
mesmo o específico do tratamento estavam na casca desprezada do arroz”. </span></div>
<div align="justify">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"> Em seguida, cuspia sua conclusão, articulada nos
seguintes termos: faz parte também dos nossos hábitos literários desprezar
pequenos desvios da linguagem falada considerados inúteis e que, na verdade,
comportam um grande poder vitamínico. Tanto limpamos o arroz que tiramos dele
sua potência. Não há obra literária, portanto, que resista a tanta fraqueza,
sobretudo aquelas que apresentam “boa aparência” e conteúdo linguístico ralo.</span></div>
<div align="justify">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"> Espertalhão, basta uma ligeira espiada em sua obra “adulta”
para que se conclua que o pai do Jeca peneirava bem a própria língua. Portanto,
a receita sugerida aos colegas fora por ele bem desprezada. </span></div>
<div align="justify">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"> O tempo passou e o emprego da língua viva na
literatura brasileira assentou-se. Se ainda houver dúvida, basta sorver, numa
destas noites frias, a nutritiva prosa de um João Guimarães Rosa, entre outros,
inclusive, vivos que andam escrevendo por aí. A falta de viço, no entanto,
ainda é marca de grande parte da produção contemporânea que circula entre nós e
resulta menos de uma linguagem mais despojada do que de uma imprestável mania
de se ausentar da realidade, de se ausentar do tempo. </span></div>
<div align="justify">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"> E isto contribui cada vez mais para o agigantamento
do espectro de um Sousândrade, por exemplo, que, no século XIX, discernia todas
as engrenagens da sociedade que o circundava e escrevia o “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Guesa”</i>, sem fuga, sem "sabiá". Vale! </span><br />
<span style="font-family: Georgia;"></span> </div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span style="background-color: white; font-size: 11.5pt; line-height: 21px;">MIRANDA, Rafael Puertas de. <i>Da "Teoria do Arroz"</i>. </span><b style="background-color: white; font-size: 15px; line-height: 21px;"><span style="font-size: 11.5pt;">Jornal Mogi News</span></b><span style="background-color: white; font-size: 11.5pt; line-height: 21px;">, Mogi das Cruzes, 18 de Agosto de 2013. Caderno Variedades, p. 07.</span></span></div>
<div align="justify">
</div>
Rafael Puertas de Mirandahttp://www.blogger.com/profile/18274112015745239303noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5211012266594138537.post-35974364164441710202013-09-08T16:23:00.000-03:002015-07-26T22:26:22.792-03:00Do primeiro romance nacional II<div align="justify">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgCAbm3n1GcJrFZUidzKMPeFsByEP3IaZeEGiP4U1aR_24N3ZzYi1LQNHgslRqCPUaFLhf9sHI3uh5dsMA2ewLMNrsrdZMJg053OMApCZuSD5ha_m7_uCX9pqzufII4cq3YFFrtR6vJtkk/s1600/livro-velho.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="223" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgCAbm3n1GcJrFZUidzKMPeFsByEP3IaZeEGiP4U1aR_24N3ZzYi1LQNHgslRqCPUaFLhf9sHI3uh5dsMA2ewLMNrsrdZMJg053OMApCZuSD5ha_m7_uCX9pqzufII4cq3YFFrtR6vJtkk/s320/livro-velho.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div align="justify">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"> Alguns outros tantos críticos e
historiadores da Literatura Brasileira validam o pioneirismo do romance “O
filho do pescador”(1843), de Teixeira e Souza. Nelson Werneck Sodré, na sua <i style="mso-bidi-font-style: normal;">História da Literatura Brasileira (seus fundamentos
econômicos),</i> destaca “Se deixarmos de parte duas ou três contribuições
destituídas de importância e só a rigor abrangidas pelo gênero, verificaremos
que o primeiro romancista nacional foi Teixeira e Souza”.</span></div>
<div align="justify">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">
Antônio Cândido, na obra <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Formação da Literatura Brasileira (Momentos
Decisivos)</i>, concorda com o pioneirismo da obra do “carpinteiro de Cabo
Frio”, ao mesmo tempo em que expõe a baixa qualidade da literatura produzida
pelo autor (no capítulo: “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Sob o signo do
folhetim: Teixeira e Souza”</i>, da referida obra): “Ele representa (o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">folhetinesco</i>), com efeito, em todos os
traços de forma e conteúdo, em todos os processos e convicções, nos cacoetes,
ridículos, virtudes”. Também, José Aderaldo de Castello e Luiz Roncari validam
a posição do romance.</span></div>
<div align="justify">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">
Todos os críticos até aqui
mencionados, unanimemente, indicam a consagrada obra “A Moreninha” (1844), do
Doutor Joaquim Manuel de Macedo, romance muito mais bem acabado, como o segundo
do panteão nacional. </span></div>
<div align="justify">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">
Não sei se o querido leitor se
lembra, mas o assunto, “remoído” no percurso anterior, veio à tona em uma
teimosa discussão literária de final de tarde e, agora, explico-a. Um amigo das
Letras deitara em minhas mãos um caprichado trabalho de sua autoria a respeito da obra “A
Divina Pastora”, do escritor porto-alegrense José Antônio do Vale Caldre e Fião.
</span></div>
<div align="justify">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">
A referida narrativa, publicada
no Rio de Janeiro em 1847, com o subtítulo “Novela Rio-grandense”, sufocada
pelo esquecimento ou vítima de alguma tramoia, desapareceu de nossas
prateleiras, sendo redescoberta apenas em 1992 por um livreiro gaúcho, no
Uruguai e, no mesmo ano, republicada. Na mencionada pesquisa, a obra é
apresentada como o segundo romance da História da Literatura Brasileira,
ficando atrás apenas de “A Moreninha”. O leitor pode imaginar o meu espanto. Orientei
o colega que me jurou ter executado uma pesquisa acurada em sites diversos.
Acabrunhado, decidi visitar alguns dos sites mencionados e, para meu espanto
maior, lá o erro se repetia de forma estrondosa. </span></div>
<div align="justify">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">
Como diria o outro “No Paraguai,
a história do Brasil é outra!”, e parece-me que também no Rio Grande do Sul, a
história da Literatura Brasileira não é a mesma.</span><br />
</div>
<div align="justify">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span style="background-color: white; font-size: 11.5pt; line-height: 21px;">MIRANDA, Rafael Puertas de. <i>Do primeiro romance nacional II</i>. </span><b style="background-color: white; font-size: 15px; line-height: 21px;"><span style="font-size: 11.5pt;">Jornal Mogi News</span></b><span style="background-color: white; font-size: 11.5pt; line-height: 21px;">, Mogi das Cruzes, 04 de Agosto de 2013. Caderno Variedades, p. 07.</span></span></div>
Rafael Puertas de Mirandahttp://www.blogger.com/profile/18274112015745239303noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5211012266594138537.post-68295850190259601982013-09-08T16:11:00.000-03:002015-07-26T22:28:23.835-03:00Do primeiro romance nacional I<div align="justify">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi90Z82Hxre42i8UChvPfC4g1_HHRFetjToJSO2oKnYAtJDpCmMMEUZl3IWQfDqL4R6i1Lum8e-yScRioH1xaNV2x4qZpjRCcVqdc2FF8W-6bWfz_YByaPMqRIyx8dQYByaLQCh2QOwyWU/s1600/110803olho_f_006.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="208" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi90Z82Hxre42i8UChvPfC4g1_HHRFetjToJSO2oKnYAtJDpCmMMEUZl3IWQfDqL4R6i1Lum8e-yScRioH1xaNV2x4qZpjRCcVqdc2FF8W-6bWfz_YByaPMqRIyx8dQYByaLQCh2QOwyWU/s400/110803olho_f_006.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"> Ainda há pouco, numa destas conversas literárias
empolgadas que acabam resfolegando sobre o desfiladeiro teimoso das horas,
lembro-me bem de citar o pitoresco artigo: <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Teixeira
e Sousa: “O filho do Pescador” e “As Fatalidades de Dous Jovens”, </i>do
ilustríssimo e saudoso crítico literário, o senhor Aurélio Buarque de Holanda
Ferreira (1910-1989). </span></div>
<div align="justify">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">
O Artigo mencionado pode ser encontrado numa
republicação de 1977, pelas Edições Melhoramentos, do romance romântico “O
filho do pescador”, de Teixeira e Sousa (1812-1861), lançado originalmente no
ano de 1943 e, por isso, considerado o primeiro “romance” brasileiro.</span></div>
<div align="justify">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">
Buarque, no seu texto, apresenta de forma didática
a evolução da polêmica em torno de qual narrativa de nossa história literária
nacional poderia ter inaugurado a prática romanesca. Explica que, durante muito
tempo, Teixeira e Souza fora considerado o pai do romance em nossas plagas.
Críticos da envergadura de um Sílvio Romero (“tacitamente”), de um José
Veríssimo e Ronald de Carvalho (“de maneira expressa”), sempre validaram a
referida primazia. O Sr. Afrânio Peixoto atribuía a Nuno Marques Pereira, com o
seu “O Peregrino da América” o direito de precedência; tese que Veríssimo
esculachava, haja vista que a referida obra não poderia ser identificada com o
gênero Romance (“obra de moral e edificação religiosa”).</span></div>
<div align="justify">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">
Narrativa que por ventura poderia destituir
Teixeira seria “As Duas Órfãs”, publicada em 1841 e batizada pelo próprio autor
(Joaquim Norberto) como romance. A narrativa, no entanto, não excede quarenta
páginas, sendo, portanto, confortavelmente classificada pela crítica como uma
Novela. </span></div>
<div align="justify">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">
</span><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"> Tentativas anteriores havia — de Pereira da Silva
(Jerônimo Corte Real, 1839) e de Varnhagen (Crônica do Descobrimento do Brasil,
1840) — as quais tampouco se identificam com o caráter ficcional da narrativa
romanesca.</span></div>
<div align="justify">
<span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"> Ainda, Buarque relata que, em 1938, o português
Ernesto Enes, num, ensaio atestara a existência do romance brasileiro em meados
do século XVIII, quando saíram as “Máximas de Virtude e Formosura”, de autoria
da paulista, radicada em Portugal, Teresa Margarida da Silva e Orta. A obra,
segundo Buarque, não reflete nosso meio. A distinta senhora, então, deve ser
observada como autora portuguesa. “(...) O mestiço de Cabo Frio”, vaticina, “é
que dá começo à história do nosso romance — do romance brasileiro, situado no
Brasil”. (Continua)</span></span><br />
</div>
<div align="justify">
<span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 11pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;"></span><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span style="background-color: white; font-size: 11.5pt; line-height: 21px;">MIRANDA, Rafael Puertas de. <i>Do primeiro romance nacional I</i>. </span><b style="background-color: white; font-size: 15px; line-height: 21px;"><span style="font-size: 11.5pt;">Jornal Mogi News</span></b><span style="background-color: white; font-size: 11.5pt; line-height: 21px;">, Mogi das Cruzes, 21 de Julho de 2013. Caderno Variedades, p. 07.</span></span></div>
Rafael Puertas de Mirandahttp://www.blogger.com/profile/18274112015745239303noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5211012266594138537.post-78919472786379324022013-09-08T15:59:00.001-03:002015-07-26T22:37:29.728-03:00Da cultura caipira<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgT4MXtHVx7M5-DlUxjDmWW9ol6WUQGZsUe0OypLsEdDu7IxAks5TJcdwT_jFiFR6RMXexqZiLjkGYBOJeW47iKqvX0m93Kz3WTapu2TIdHYmssT9V5os33WFWECzRNm6j2RtmmPmyBZks/s1600/Casa.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="257" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgT4MXtHVx7M5-DlUxjDmWW9ol6WUQGZsUe0OypLsEdDu7IxAks5TJcdwT_jFiFR6RMXexqZiLjkGYBOJeW47iKqvX0m93Kz3WTapu2TIdHYmssT9V5os33WFWECzRNm6j2RtmmPmyBZks/s400/Casa.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-size: small;">
</span><span style="font-size: 8pt;"><span style="font-family: Calibri;">Casa Caipira (década de 80), pintura a óleo de Mário Caserta (1920-2004)<o:p></o:p></span></span><span style="font-size: small;">
</span><div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: center;">
<span style="font-size: 8pt;"><span style="font-family: Calibri;">Acervo de
Rafael Puertas de Miranda - Mogi das Cruzes (SP).<o:p></o:p></span></span></div>
<span style="font-size: small;">
</span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"> Em 1872, era publicado, o primeiro dos quatro
pequenos volumes que viriam a constituir o pitoresco romance “Til”, do escritor
cearense, radicado no Rio de Janeiro, José Martiniano de Alencar (1829-1877).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"> Filiado à estética do Romantismo, mas sem abdicar
de uma linguagem tipicamente brasileira (a acentuação do título “Senhora” – “ó”
–, por exemplo, escandalizou os artistas da metrópole, defensores ferrenhos do
beletrismo português), Alencar entendia o fazer literário como forma de construção
de uma identidade cultural brasileira. Para dar cabo desta tarefa, seus textos
procuraram dar ênfase aos valores e à cultura de cada um dos espaços
geográficos de nossa nação.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"> Foi assim que, em meados de 1871, resgatando as
próprias memórias do período em que frequentou o curso de Direito do Largo de
São Francisco, em São Paulo, onde travou contato com a cultura
fazendeira/caipira do interior do nosso estado, Alencar começou os rascunhos de
“Til”: “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">É o Til desses livros que se
compõem com material próprio, fornecido pela reminiscência, e que portanto se
podem escrever em viagem, sobre a perna, ou num canto da mesa de jantar</i>”
(in: Guerra dos Mascates).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"> Dentro de sua respeitável obra, este romance
“regionalista”, ou “sertanejo”, ou “fazendeiro”, desempenha um papel
evidentemente secundário. Falta-lhe o brio de narrativas mais amarradas,
falta-lhe a prosa poética de “Iracema” (1865).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"> Mesmo assim, evidenciam-se duas qualidades
admiráveis. A primeira apresenta-se na diversidade singular da numerosa galeria
de personagens que a obra comporta. Em “Til” esbarramos com transfigurações
locais dos principais “modelos” consagrados pelo romantismo europeu, fazendo-se
notar uma espécie de escala gradual/moral que vai da abnegação total à
psicopatia vingativa: o anti-herói resignado, o personagem grotesco para além
do bem e do mal, a heroína apaixonada, o típico herói eticamente
irrepreensível, o jovem Don Juan/aventureiro, a viúva prestativa, o vilão
canastrão etc. Berta (ou Inhá, ou Til – como é apelidada por “Brás”), a
protagonista da história, incorpora a típica heroína abnegada e altruísta,
beirando a santidade: e não há quem diga que “Deus escreve certo por linhas
tortas?”, Deus escreve certo por <strong>"~" (til)</strong>.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"> A segunda é a naturalidade e entusiasmo com que o
autor nos apresenta os aspectos folclóricos (festas, folguedos, cantigas,
costumes), entrelaçando-os ao enredo. Vale!</span><br />
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span style="background-color: white; font-size: 11.5pt; line-height: 21px;">MIRANDA, Rafael Puertas de. <i>Da cultura caipira</i>. </span><b style="background-color: white; font-size: 15px; line-height: 21px;"><span style="font-size: 11.5pt;">Jornal Mogi News</span></b><span style="background-color: white; font-size: 11.5pt; line-height: 21px;">, Mogi das Cruzes, 07 de Julho de 2013. Caderno Variedades, p. 07.</span></span></div>
Rafael Puertas de Mirandahttp://www.blogger.com/profile/18274112015745239303noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5211012266594138537.post-80536414984898659172013-09-08T15:41:00.001-03:002015-07-26T22:50:27.002-03:00Na Lata, de Frederico Barbosa<div style="text-align: justify;">
</div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEioq4l7MKKK10ayQQUZiniA5kD4Aq6SNi-7McgSFLve_l5DyErhPmpt-Q53VLz4JreR6cHtucY8pN_uTwdXvptx_NSViZdeoG2xB_pJ9w-LiSspgi99mZ4aJ1ohHa5PUwN4VZpLB-bDe7U/s1600/freder1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="214" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEioq4l7MKKK10ayQQUZiniA5kD4Aq6SNi-7McgSFLve_l5DyErhPmpt-Q53VLz4JreR6cHtucY8pN_uTwdXvptx_NSViZdeoG2xB_pJ9w-LiSspgi99mZ4aJ1ohHa5PUwN4VZpLB-bDe7U/s320/freder1.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Frederico Barbosa (1961-)</td></tr>
</tbody></table>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"> Escreveu certa vez o poeta francês Paul Valéry
(1875-1945): “Nada há de mais original, nada de mais pessoal do que se
alimentar dos outros. É preciso, porém, digeri-los. O leão é feito de cordeiro
assimilado”. Atentando para as peculiaridades desta sentença, deve-se,
portanto, ao analisar a obra poética de determinado autor, também estar atento
às transformações que o mesmo impõe a seus “empréstimos”. Onde se lê
“influência”, lê-se muita vez interpretação, reação, resistência, atualização,
combate. Todo esse processo coroado com o distanciamento do pedantismo barato e
superficial a fim de que se construa uma nutrida e sincera dicção poética. Eis
a receita da boa poesia contemporânea que circula entre nós.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"> Ajusta-se a mencionada chave à recém-publicada obra
“Na Lata” (Ed. Iluminuras), que comporta a poesia reunida (de 1978 a 2013) do
poeta/<i style="mso-bidi-font-style: normal;">performer</i> <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>e entusiasta da literatura pernambucano,
radicado em São Paulo, Frederico Barbosa (1961-). Renegando uma ordenação
cronológica de sua trajetória artística literária, que por ventura limitasse a
potência expressiva de seus textos, optou o poeta pela original divisão e
mistura de todos os seus poemas em distintos blocos temáticos, ressaltando,
desta forma, os possíveis diálogos entre as peças (algumas, inclusive,
retocadas e revisadas). O resultado da façanha é a completa anulação de uma
perspectiva temporal que dá a edição o caráter de ineditismo: “um livro
absolutamente novo”, segundo o autor.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"> </span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhFQ6fupx6bXGJgoLDA-kCNXiM4lzBUcNmC8iRpdReAv5N9m29zezt2pcy_jmw-YDzmwI40AGM1UvssmtfOX2alP5hLonfjS1quvSC3Q1zC0Tf0SKEZFY_OIRuT1GJiTmOugR_Q3mmXfGA/s1600/CAP_1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhFQ6fupx6bXGJgoLDA-kCNXiM4lzBUcNmC8iRpdReAv5N9m29zezt2pcy_jmw-YDzmwI40AGM1UvssmtfOX2alP5hLonfjS1quvSC3Q1zC0Tf0SKEZFY_OIRuT1GJiTmOugR_Q3mmXfGA/s320/CAP_1.jpg" width="224" /></span></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"> Ao mergulhar em seus versos, deparamo-nos com o
espírito da conduta construtiva de João Cabral de Melo Neto, os espectros da
poesia concreta, as imagens pesadas de Eliot, os ecos da prosa poética de James
Joyce, a insolência sensual e os arroubos formais de Gregório de Matos, a
deglutição dos experimentalismos oswaldianos (fractais), a musicalidade
sugestiva dos simbolistas, a dimensão febril de Fernando Pessoa, a pedra rala
de Drummond, as folhas da relva, a música popular brasileira, “o oco sem beiras”.
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"> O reconhecido esmero do poeta na construção de uma
linguagem e estrutura a serviço de um “eu” inquieto (inquietação digna de um
“siri na lata”, como diriam os caiçaras sabidos) nos arrasta ao olho do furacão
de uma realidade liquefeita, teimando convulsão e resvalando no caos (portanto,
“Tapa na cara dos reaças!”). Enfim, obra imperdível que deve habitar prateleiras
de livrarias que desejam escapar da fama de ordinárias. Vale!</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"></span> </div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span style="background-color: white; font-size: 11.5pt; line-height: 21px;">MIRANDA, Rafael Puertas de. <i>Na Lata, de Frederico Barbosa</i>. </span><b style="background-color: white; font-size: 15px; line-height: 21px;"><span style="font-size: 11.5pt;">Jornal Mogi News</span></b><span style="background-color: white; font-size: 11.5pt; line-height: 21px;">, Mogi das Cruzes, 23 de Junho de 2013. Caderno Variedades, p. 07.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
Rafael Puertas de Mirandahttp://www.blogger.com/profile/18274112015745239303noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5211012266594138537.post-72966279344047198562013-06-10T16:32:00.001-03:002015-07-26T23:22:32.185-03:00O bicho azul do Sr. Zuck<div align="right" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt; text-align: right;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjaTS_2RRtLULxI7JtTxpJ5vs-ljW1Wrud9s5Begr5DWT3iefJF-HcGWP-Ioggfk_tBNOGiu1fbhERstf4QztYkt7IBfwNJZ06f8bGq1pHZLPe6VYY9FMB32FUwMOTB5f9lDcc7GHpQ-HE/s1600/imagem.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjaTS_2RRtLULxI7JtTxpJ5vs-ljW1Wrud9s5Begr5DWT3iefJF-HcGWP-Ioggfk_tBNOGiu1fbhERstf4QztYkt7IBfwNJZ06f8bGq1pHZLPe6VYY9FMB32FUwMOTB5f9lDcc7GHpQ-HE/s320/imagem.JPG" width="239" /></a></div>
<i><span style="font-family: Garamond, serif;">“(...)Este, que aqui aportou,<o:p></o:p></span></i></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt; text-align: right;">
<i><span style="font-family: Garamond, serif;">Foi por não ser existindo.<o:p></o:p></span></i></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt; text-align: right;">
<i><span style="font-family: Garamond, serif;">Sem existir nos bastou.</span></i><i><span style="font-family: Garamond, serif;">"</span></i></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt; text-align: right;">
<span style="font-family: Garamond, serif;">(Fernando Pessoa )<span style="font-size: xx-small;"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt;">
<span style="font-family: Garamond, serif; font-size: large;">Indubitavelmente duvidoso,<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt;">
<span style="font-family: Garamond, serif; font-size: large;">o bicho azul, sem norte, nem <em>s</em>(o)<em>ul</em>,<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt;">
<span style="font-family: Garamond, serif; font-size: large;">anda solto,<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt;">
<span style="font-family: Garamond, serif; font-size: large;">alheio a segredo e o que<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt;">
<span style="font-family: Garamond, serif; font-size: large;">quer que o valha em resoluta<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt;">
<span style="font-family: Garamond, serif; font-size: large;">aspiração de ser como si.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt;">
<span style="font-size: large;"></span> </div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt;">
<span style="font-family: Garamond, serif; font-size: large;">O bicho azul não é livro, não é livre.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt;">
<span style="font-size: large;"></span> </div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt;">
<span style="font-family: Garamond, serif; font-size: large;">Mesmo social de intensas bocas secas,<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt;">
<span style="font-family: Garamond, serif; font-size: large;">o bicho azul não tem rabo, ou pele,<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt;">
<span style="font-family: Garamond, serif; font-size: large;">e dispensa apresentação,<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt;">
<span style="font-family: Garamond, serif; font-size: large;">dispensa o sussurro ao pé do ouvido,<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt;">
<span style="font-family: Garamond, serif; font-size: large;">dispensa um abraço.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt;">
<span style="font-family: Garamond, serif; font-size: large;">Fingindo rede, o bicho azul afugenta repouso.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt;">
<span style="font-family: Garamond, serif; font-size: large;">Vício nosso rosto, </span><br />
<span style="font-family: Garamond, serif; font-size: large;">algoritmo insosso.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt;">
<span style="font-family: Garamond, serif; font-size: large;"></span> </div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt;">
<span style="font-family: Garamond, serif; font-size: large;">O bicho azul me leva em coleira,</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt;">
<span style="font-family: Garamond, serif; font-size: large;">o bicho azul me bota coragem,<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt;">
<span style="font-family: Garamond, serif; font-size: large;">o bicho azul me azucrina,</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt;">
<span style="font-family: Garamond, serif; font-size: large;">o bicho azul, contrariando a inabalável incognoscibilidade<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt;">
<span style="font-family: Garamond, serif; font-size: large;">dos códigos sinistros,<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt;">
<span style="font-family: Garamond, serif; font-size: large;">ruge,<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt;">
<span style="font-family: Garamond, serif; font-size: large;">late,<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt;">
<span style="font-family: Garamond, serif; font-size: large;">pia;<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt;">
<span style="font-family: Garamond, serif; font-size: large;">o bicho azul mente bem coisas lindas para me ninar<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt;">
<span style="font-family: Garamond, serif; font-size: large;">e eu acredito,<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt;">
<span style="font-family: Garamond, serif; font-size: large;">e a minha tristeza não passa</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt;">
<span style="font-family: Garamond, serif; font-size: large;">e o céu permanece cinza.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt;">
<span style="font-size: large;"></span> </div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt;">
<span style="font-family: Garamond, serif; font-size: large;">Tudo parece herdar um pouco da cor do bicho azul.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt;">
<span style="font-family: Garamond, serif; font-size: large;">Nele, as pessoas são famosas,<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt;">
<span style="font-family: Garamond, serif; font-size: large;">bombas pulverizam criancinhas indefesas,<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt;">
<span style="font-family: Garamond, serif; font-size: large;">cabeças arejadas distribuem flores,</span><br />
<span style="font-family: Garamond, serif; font-size: large;">conservadores conservam suas conservas,</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt;">
<span style="font-family: Garamond, serif; font-size: large;">fetos mortos repousam em caixas de sapato,<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt;">
<span style="font-family: Garamond, serif; font-size: large;">cartazes embotam de sangue,</span><br />
<span style="font-family: Garamond, serif; font-size: large;">gases lacrimejam a paulista,<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt;">
<span style="font-family: Garamond, serif; font-size: large;">poetas distraem as horas,<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt;">
<span style="font-family: Garamond, serif; font-size: large;">balas encontram corpos santificados</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt;">
<span style="font-family: Garamond, serif; font-size: large;">e </span><br />
<span style="font-family: Garamond, serif; font-size: large;">odiosos, das mais diversas espécies e siglas, </span><br />
<span style="font-family: Garamond, serif; font-size: large;">desfilam em carros alegóricos dourados.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt;">
<span style="font-family: Garamond, serif; font-size: large;"></span> </div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt;">
<span style="font-family: Garamond, serif; font-size: large;">E assim, </span><br />
<span style="font-family: Garamond, serif; font-size: large;">teimando aumentado fim,</span><br />
<span style="font-family: Garamond; font-size: large;">o bicho azul do Sr. Zuck, quem diria,</span><br />
<span style="font-family: Garamond, serif; font-size: large;">rosnando nossa contradição,<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt;">
<span style="font-family: Garamond, serif;"><span style="font-size: large;">exibe seus dentes afiados, </span></span><br />
<span style="font-family: Garamond, serif;"><span style="font-size: large;">no olho do furacão.</span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt; text-align: justify;">
<span style="background-color: white; font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; line-height: 21px; text-align: justify;">MIRANDA, Rafael Puertas de. <i>O bicho azul do Sr. Zuck</i>. </span><b style="background-color: white; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; line-height: 21px; text-align: justify;">Jornal Mogi News</b><span style="background-color: white; font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; line-height: 21px; text-align: justify;">, Mogi das Cruzes, 26 de Maio de 2013. Caderno Variedades, p. 07.</span></div>
Rafael Puertas de Mirandahttp://www.blogger.com/profile/18274112015745239303noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5211012266594138537.post-30133554997904947802013-06-03T18:45:00.000-03:002013-06-10T16:09:07.073-03:00Archimboldianas I<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjBkfSkOPvp0mvk9jbXESsksFHWY9qvIRMAxubylIY17rV5SGvi0xsfsWphpEd8Nm7mpI3OM8o-0giP6UAUHrTDNzXDZWhBzpoDK6YdPzMrYS3YC10Rx8QCVjbe-ivUvKs4Mo_1sqWwSZk/s1600/cactus.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjBkfSkOPvp0mvk9jbXESsksFHWY9qvIRMAxubylIY17rV5SGvi0xsfsWphpEd8Nm7mpI3OM8o-0giP6UAUHrTDNzXDZWhBzpoDK6YdPzMrYS3YC10Rx8QCVjbe-ivUvKs4Mo_1sqWwSZk/s1600/cactus.jpg" /></a> </div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">No ápice da convalescença do que viria a se
consolidar como um quadro fatal de falência hepática, o escritor chileno
Roberto Bolaño (1953-2003) instruiu seus familiares e editores a respeito da
dinâmica a ser adotada na publicação de sua última obra, uma caudalosa
narrativa intitulada ”2666”. </span><br />
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">O romance, segundo Bolaño, deveria ser publicado em
cinco partes, respeitando o intervalo de um ano para cada volume. No entanto, após
a morte prematura do escritor, o amigo e estudioso que nomeara como responsável
por assuntos pertinentes ao seu fazer literário, Ignacio Echevarría, depois de
analisar o material de trabalho e o resultado final, sugere que o romance seja
publicado em volume único, a fim de garantir a integridade de seu valor
literário.</span><br />
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">E, assim, no ano de 2004, é publicada postumamente
aquela que viria a se consolidar como a obra máxima de um escritor facilmente
elencado como um dos grandes prosadores da literatura contemporânea. No Brasil,
o romance “2666” é publicado tardiamente em 2010 (tradução de Eduardo Brandão
que integra o catálogo da editora Companhia das Letras).</span><br />
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">Com seu estilo agressivo, despojado e febril, a
narrativa apresenta uma sucessão intensa e movediça de episódios interligados
pela figura fictícia de um enigmático, talentoso e recolhido escritor alemão:
Benno von Archimboldi. </span><br />
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">A primeira parte da trama, que narra as peripécias
de quatro estudiosos europeus interessados pela obra e incompleta biografia do
misterioso escritor alemão é admiravelmente “degustada” pelo leitor iniciado
nas práticas dos estudos e investigações literárias. Na segunda, somos levados
às profundezas da personagem Óscar Amalfitano, um professor universitário na
fictícia cidade mexicana de Santa Tereza, município fronteiriço aparentemente
pacato que vem sendo assolado por uma centena de assassinatos brutais não
solucionados de mulheres jovens. Estes crimes são apresentados e esmiuçados na
terceira e quarta parte da obra por intermédio de óticas distintas (jornalistas
estrangeiros, policiais, etc). E, por fim, a parte que “resolve” a figura
espectral Archimboldi.</span><br />
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">Não espere, querido leitor, encontrar na obra a
satisfação ordinária resultante de um romance quadrado de mistério e suspense.
Esta trama alcança outras esferas e é de se esperar que não se conclua
plenamente sem reverberar na obra completa de um escritor consciente do fazer
literário (acredite: as demais obras de Bolaño nos oferecem, mencionando diretamente ou não a figura de Archimboldi - num teimoso e obscuro diálogo entre si - um verdadeiro emaranhado de pistas aparentemente interligadas). Vale!</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
</div>
<div align="justify">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span style="background-color: white; font-size: 11.5pt; line-height: 21px;">MIRANDA, Rafael Puertas de. <em>Archimboldianas I</em>. </span><b style="background-color: white; font-size: 15px; line-height: 21px;"><span style="font-size: 11.5pt;">Jornal Mogi News</span></b><span style="background-color: white; font-size: 11.5pt; line-height: 21px;">, Mogi das Cruzes, 14 de Abril de 2013. Caderno Variedades, p. 07.</span></span></div>
Rafael Puertas de Mirandahttp://www.blogger.com/profile/18274112015745239303noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5211012266594138537.post-83431286081557263052013-04-01T19:14:00.000-03:002013-06-10T16:17:10.690-03:00Tapioca recheada com vento doce<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt;">
<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEio-8Q3PS80-hc3A9A9SDLDNyyfoFi3rXtcCuM39DlY5r4Xg68X3KlAc2kmqYKXug-mNgDwD9QAOkdpOUeL9Dl_35y79OSI5yIImHAL87YI0LyLifSRZymLdWAmdUNfor_7cKFGJEj_3wk/s1600/macu.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" bua="true" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEio-8Q3PS80-hc3A9A9SDLDNyyfoFi3rXtcCuM39DlY5r4Xg68X3KlAc2kmqYKXug-mNgDwD9QAOkdpOUeL9Dl_35y79OSI5yIImHAL87YI0LyLifSRZymLdWAmdUNfor_7cKFGJEj_3wk/s320/macu.JPG" width="276" /></a></div>
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Macunaíma saiu bem rindo do ciclope Polifemo: “Eu sou ninguenzada, paixão! Taca a pedra, vai!” (e Netuno não gostou nada da má-criação). Bovary, entre dentes, torceu o vestido empenhado em leilão, enquanto Capitolina, de bolsos cheios, cuspia moscas e maldizia a solidão. Uma baleia branca exibia arpões de aço presos no couro: <em>piercings</em> inofensivos da ira de alguém, alucinação (“para mim, basta que sejam humanos, porque coisa pior não há” - repetia em marcha ré); e também um velho pescador Santiago (talvez até mais velho que a própria velhice) escamava peixes com as próprias mãos. Maria Sara, com uma vareta, repartia lerdamente o próprio chão; ao mesmo tempo em que Diadorim, vestida de macho e mascando o capeta, rasgava as entranhas do Sertão. Do alto da Arcádia, um tal de Dirceu estrangulava Cupido num mata-leão. Fernando Pessoa cansava o silêncio, enquanto heterônimos enjoados jogavam gamão. Do boca do inferno, saía a sanha fingindo canção. Um parvo engraçado é capaz até de ofender o Cão. Enquanto interpelava o gigante capado, o Vasco da Gama largava o timão. Tampouco o pequeno Buendía, com rabo de porco, desconfia da própria maldição. Num beco escuro, contrariando o Círculo, Jaguar inspira lamentação, vitimado pelo aburguesamento cinzento que, de socapa, já levara Leonardinho a uma promoção (“Vi o Vidigal, fiquei sem sangue, se não for ligeiro, o quati me lambe!”). A cama espaçosa devora os Bloom e Stephen sem distinção. Na rua, sobrevoando lamparinas, o senhor Sansa regurgita inseticidas inócuos pelos vãos. Sancho desconfia um pouco da lucidez de seu próprio patrão. A natureza mia, enquanto Crusoé afia o bambu e come mamão. Chegando ao cais de sua terra natal, Gulliver, porque se achava ainda maior que seus conterrâneos, quase foi atropelado por um cavalo alazão. Gandalf fumava cachimbo e o Sr. Holmes suspirava ópio na contramão. Beatriz era mocreia, mas esperava, triunfante, no assento etéreo e perfumado a própria alusão. Na falta de tinta, Mefistófeles reclama o sangue da transação. D’Artagnan tomava cerveja num copo sujo, em contrição. Com tempo de sobra e um biscoito na boca é possível relembrar o cheiro de gente esnobe e problemática - Proust(ituição); por pouco, Castorp aprende a tossir como gente que morre de mal de pulmão. Mersault cuspia na mãe e o pequeno Oskar era só uma cabeça e pouca ambição. Almafitano misterioso olhava desconfiado para esta insolação. "Ai" que saudade eu tenho dum sabiá 18 quilates numa palmeira (como se um sabiá empoleirasse costumeiramente numa palmeira longínqua), ou na flor do maracujá, ou na aurora de alguma vida, ou no lombo da última quimera enterrada às pressas, ou na orelha de quem fala com estrelas, ou na boca porca da Macabéa. NOIGRANDESNUDOGALÁXIASTÃO. Um bonde para Pasárgada não ultrapassaria, em velocidade, um corvo bem treinado, teimando avião. Gatos pretos, dizem os doidos, dão azar e são delatores (ou não?). Drummond, indiferente a máquina do mundo, apagou a luz da repartição.</span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; font-size: 11.5pt; line-height: 21px;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span style="background-color: white; font-size: 11.5pt; line-height: 21px;">MIRANDA, Rafael Puertas de. <i>Maçaroca</i>. </span><b style="background-color: white; font-size: 15px; line-height: 21px;"><span style="font-size: 11.5pt;">Jornal Mogi News</span></b><span style="background-color: white; font-size: 11.5pt; line-height: 21px;">, Mogi das Cruzes, 24 de Março de 2013. Caderno Variedades, p. 07.</span></span></div>
</div>
Rafael Puertas de Mirandahttp://www.blogger.com/profile/18274112015745239303noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5211012266594138537.post-11729302934806375682013-04-01T00:52:00.003-03:002013-04-01T19:01:50.655-03:00Da inocência<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiuEz4nK5CdKmbJ4pLWr0SQIRioOXaPV4LYYDlCZe47daI2vFeDD2fzCeYl-2Gn6CnrOdwjooAGzJxmXCkt2NxEb7a1cQKh6mUErlRhN51EjCTJRD_OV9yDFLTkBIo-22q_5FQ6LttktJM/s1600/artigo.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="192" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiuEz4nK5CdKmbJ4pLWr0SQIRioOXaPV4LYYDlCZe47daI2vFeDD2fzCeYl-2Gn6CnrOdwjooAGzJxmXCkt2NxEb7a1cQKh6mUErlRhN51EjCTJRD_OV9yDFLTkBIo-22q_5FQ6LttktJM/s320/artigo.jpg" width="320" /></a></div>
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">No posfácio da polêmica e complexa obra Lolita
(1955), intitulado “Sobre um livro chamado Lolita”, o escritor e crítico
literário russo Vladimir Nabokov (1899-1977) põe o leitor a par das agruras
vivenciadas por ele, enquanto ainda procurava uma editora que se interessasse
pela publicação daquele que viria a se tornar um dos romances mais
constrangedores e bem construídos de todos os tempos. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Naquela época, década de cinquenta, a publicação de
um livro que apresentasse um pedófilo (ou “ninfolepto”, como a personagem
justifica eufemisticamente a sua própria obsessão – termo forjado pelo próprio
Nabokov) concretizando suas vontades e ainda dotado de um discurso insinuante
capaz de desnudar a hipocrisia moral, relativizando os bons costumes norte-americanos,
era praticamente inviável (a narrativa só fora publicada na América em 1958).
Ainda hoje, Lolita desperta amores e ódios, perplexidade e repulsa, por vezes,
de forma concomitante. Não há como sair ileso.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">No Brasil, a obra ganhou uma celebrada tradução em
língua portuguesa, levada a cabo pelo literato Jorio Dauster, que, respeitando
os procedimentos estilísticos do escritor russo (“Lolita, luz da minha vida,
labareda em minha carne. Minha alma, minha lama”), presenteou-nos com a
musicalidade e poesia de suas construções.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Acompanhamos espantados, quando mergulhamos na
obra, as lembranças angustiantes do professor Humbert Humbert que, ao alugar um
quarto numa destas típicas cidades ermas e esquecidas do interior dos Estados
Unidos, conhece a filha da senhoria, uma menina de doze anos chamada Dolores,
cujo apelido é Lolita. Enquanto convive com a garota, o narrador em primeira
pessoa (não confiável, diga-se de passagem) e protagonista enxerga, em cada
movimento da garota, uma insinuação. Em determinada altura da narrativa, o
destino possibilita que Humbert se “aproprie” da criança. Mas é também o fado
que a arrancará das mãos de seu violentador. Não há final feliz.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Há poucos dias, o colunista João Pereira Coutinho,
da Folha, anunciou em um artigo o que para ele seria uma “recente polêmica”
acerca da obra, mas que, na verdade, circula pelo meio literário há algum
tempo: a localização de um conto, publicado em 1916 pelo desconhecido escritor
alemão Heinz von Lichberg que, além de possuir um enredo semelhante (a jovem desta
narrativa, no entanto, é decidida, “amaldiçoada” e espanhola), também se
intitula “Lolita”. No mesmo texto, Coutinho apresenta a tese do neurocientista
Oliver Sacks para o caso: na verdade, Nabokov foi alvo de um fenômeno cerebral
denominado "criptomnésia". Neste processo, a própria mente esquece as
fontes e constrói sua própria “originalidade” sobre elas. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Desconcertante. Esquecem-se ambos de que a
Literatura é espaço comum para estes fenômenos intertextuais e de que um
intelectual da envergadura de Nabokov, afeito à análise literária, jamais se
esqueceria de uma referência tão evidente (nem se estivesse alocada na “outra
margem da memória”). Pensar o contrário é muita inocência. O escritor russo,
como costumamos sentenciar nas plagas tupiniquins, “deu um gato”, apropriou-se
da estória alheia, e pronto.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span style="background-color: white; font-size: 11.5pt; line-height: 21px;">MIRANDA, Rafael Puertas de. <i>Da inocência</i>. </span><b style="background-color: white; font-size: 15px; line-height: 21px;"><span style="font-size: 11.5pt;">Jornal Mogi News</span></b><span style="background-color: white; font-size: 11.5pt; line-height: 21px;">, Mogi das Cruzes, 17 de Março de 2013. Caderno Variedades, p. 07.</span></span></div>
Rafael Puertas de Mirandahttp://www.blogger.com/profile/18274112015745239303noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5211012266594138537.post-74974090222751501172013-03-31T18:44:00.005-03:002013-04-01T00:43:25.675-03:00Beatnik Caboclo, ou o Samurai Malandro, ou o Caipira Cabotino<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhluIXMJNppntkkn9xsVUG0btyhcb6nK_D9heEja9pGMxRQcf5g_Zgdr8kVusAFtXYxSIcYpW5AWQO1E9wvaTpDhEG3BejYMpM5zCnIhQ40BfF5XJUucgSEs_hccdeFmW2fYfOFsWy4Vdw/s1600/leminski.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhluIXMJNppntkkn9xsVUG0btyhcb6nK_D9heEja9pGMxRQcf5g_Zgdr8kVusAFtXYxSIcYpW5AWQO1E9wvaTpDhEG3BejYMpM5zCnIhQ40BfF5XJUucgSEs_hccdeFmW2fYfOFsWy4Vdw/s400/leminski.jpg" width="382" /></a></div>
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Durante uma entrevista concedida a um canal
televisivo italiano (disponível no Youtube com o título: “Qual é o sentido de
escrever?”), o cineasta, roteirista e escritor italiano Pier Paolo Pasolini
(1922-1975) - responsável pela bela e polêmica adaptação/releitura: “<i>Salò ou Os
120 Dias de Sodoma</i>” -, quando perguntado a respeito dos possíveis limites da
atividade literária, declarou que os mesmos têm uma natureza linguística: “(<i>sic</i>) como poeta e escritor italiano sou
muito limitado; preferiria ser um escritor em língua <i>suaíli</i>, que é a 12ª língua do mundo”. Ou seja, depois de Dante,
Petrarca e alguns outros nomes de peso, não há nada que se possa fazer com a
língua italiana que possua o frescor da originalidade, da inovação.</span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Há quem diga que com a Língua Portuguesa não acontece
de outra forma. No entanto, contrariando estas próprias determinações,
surpreendemo-nos ainda com o gênio e a energia de artistas contemporâneos,
criadores de novas “formas de escrever”; novas formas de aproveitar esta
sublime matéria-prima (a palavra em língua portuguesa) que já “apanhou” tanto e
arrancar dela novos estilos, fazendo-a renascer a cada instante.</span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Exemplo palpável deste fenômeno é o saudoso poeta
curitibano Paulo Leminski (1944-1989), que acaba de ganhar uma belíssima edição
póstuma: “<i>Toda Poesia</i>” (Ed. Companhia das Letras, 2013). A antologia, apanhado
dos principais títulos do autor dedicados à poesia, realoca o Leminski em
nossas prateleiras, resgatando uma inventiva e despojada verve poética
(“sejamos pelo novo, não pelo belo”), fruto de uma espécie de “deglutição do
pau-brasil oswaldiano”, como diria o também saudoso poeta e professor Haroldo
de Campos, e que oscilava entre o popular e o erudito (“geração mimeógrafo” –
“poesia concreta”), sem se entregar às pieguices típicas dos poetas-escoteiros
orfeônicos e seus sonetos entediantes. Também não escapa à obra mencionada as
composições/letras que produziu para figuras emblemáticas da Música Popular
Brasileira. </span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Enfim, um excelente panorama da poesia deste
verdadeiro judoca das palavras, mas não completo. Já circulam pela internet
poemas de sua autoria que não foram incluídos na coletânea. Num deles, divulgado
por sua viúva, a também poetisa Alice Ruiz (que já ministrou uma fantástica
palestra em Mogi das Cruzes, esmiuçando o fazer poético), o polaco-paranaense
escreve:</span><br />
<b style="text-align: center;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">“(...)Chega. Tudo chega. Chega o
auge.</span></b><br />
<b style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; text-align: center;">O que eu sou me chega”.</b><br />
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; text-align: center;">(Auge, </span><i style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; text-align: center;">in:
Jornal Correio de Notícias</i><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; text-align: center;">)</span><br />
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Evoé, Leminski. Vale!</span><br />
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><br /></span>
<span style="background-color: white; font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: 15px; line-height: 21px;">MIRANDA, Rafael Puertas de. </span><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span style="font-size: 15px; line-height: 21px;"><i>Beatnik Caboclo, ou o Samurai Malandro, ou o Caipira Cabotino</i></span></span><span style="background-color: white; font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: 15px; line-height: 21px;">. </span><b style="background-color: white; font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: 15px; line-height: 21px;">Jornal Mogi News</b><span style="background-color: white; font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: 15px; line-height: 21px;">, Mogi das Cruzes, 10 de Março de 2013. Caderno Variedades, p. 02.</span></div>
</div>
Rafael Puertas de Mirandahttp://www.blogger.com/profile/18274112015745239303noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5211012266594138537.post-55891693654609035352013-03-31T18:37:00.001-03:002013-04-01T00:37:34.016-03:00Dos “erros editoriais” e suas bizarras consequências <div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<div style="text-align: justify;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj4zHUrRgBVUImNK-_sTDqWllZHQKBX9yA5LUc6sLTSXgtaZRsZScBrIv1YDuDFW08ZHcfWKzy5VaC3MUp_Tyk2NpvCgBpMu91mLpipszZTFgUH4DB1IWICZpQON3ghFg9UgzBR8qOI1b4/s1600/poesias-nunca-publicadas-de-caio-fernando-abreu450.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj4zHUrRgBVUImNK-_sTDqWllZHQKBX9yA5LUc6sLTSXgtaZRsZScBrIv1YDuDFW08ZHcfWKzy5VaC3MUp_Tyk2NpvCgBpMu91mLpipszZTFgUH4DB1IWICZpQON3ghFg9UgzBR8qOI1b4/s320/poesias-nunca-publicadas-de-caio-fernando-abreu450.jpg" width="208" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Capa da edição recolhida pela Ed. Record.</td></tr>
</tbody></table>
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Há poucos dias, a Editora carioca Record anunciava
o cancelamento da distribuição da alardeada antologia “<i>Poesias nunca publicadas
de Caio Fernando Abreu</i>”, resultado da tese defendida pelas pesquisadoras
Letícia da Costa Chaplin e Márcia Ivana de Lima, que analisaram
“minuciosamente” o espólio de escritos não publicados do autor gaúcho. </span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">O jornalista Caio Fernando Abreu (1948-1996),
considerado um dos grandes nomes de sua geração, consagrara-se literariamente
com seus textos em prosa (sobretudo, contos e romances) e ainda hoje faz muito
sucesso entre os jovens que utilizam redes sociais (seus textos apresentam
números expressivos de compartilhamento); também, não é difícil encontrar
alunos agarrados a suas obras, marcadas por um estilo poético, conciso e
refletoras das (in)certezas angustiantes da vida. Vale muito!</span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Entenda, então, querido leitor, a enorme
expectativa criada com o anúncio da publicação mencionada. Como seria a faceta
lírica de um escritor lambuzado de virtuosismo e originalidade? Caio,
perseguido durante a ditadura pelo DOPS, antes de se exilar na Europa,
escondera-se no sítio da poeta campineira Hilda Hilst. Deste período de
convivência (quase dois anos), restaria alguma espécie de evidência poética? </span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">As interrogações já se avolumavam, quando, numa
bela tarde, recebemos a notícia da interdição da obra e seu "recolhimento". A Editora alegou, sem
mais detalhes, que a publicação apresentava um “erro editorial”. Mas, não
demorou muito para que o problema fosse revelado e causasse um verdadeiro
estardalhaço nos fóruns de discussão sobre Literatura: na página 49 do referido
livro, encontra-se o poema “Barato Total”, que, segundo as organizadoras,
aparece em um diário de 1976. Acontece que o texto é na verdade uma música
composta por Gilberto Gil e gravada por Gal Costa (há um desenho, inclusive, da cantora na referida página). A Editora, rapidamente, escalou
uma nova especialista para revisar a obra e explicar o erro grotesco num
prefácio.</span></div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Enfim, este caso lastimável, além de lançar
sombras espessas sobre o processo de aprovação de trabalhos acadêmicos no
Brasil, expõe a fragilidade do corpo revisional da editora em questão e
exemplifica o não reconhecimento das ferramentas virtuais durante as etapas de
uma pesquisa (cinco sítios de busca consultados apresentam/apontam, como
resultado para a expressão “Barato Total”, a referida música de Gilberto Gil). Enfim, só não foi culpa do Abreu!</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span style="background-color: white; line-height: 21px;">MIRANDA, Rafael Puertas de. <i>Dos "erros editoriais" e suas bizarras consequências</i>. </span><b style="background-color: white; line-height: 21px;">Jornal Mogi News</b><span style="background-color: white; line-height: 21px;">, Mogi das Cruzes, 17 de Fevereiro de 2013. Caderno Variedades, p. 02.</span></span></div>
Rafael Puertas de Mirandahttp://www.blogger.com/profile/18274112015745239303noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5211012266594138537.post-13081128630247861582013-03-31T17:54:00.001-03:002013-03-31T18:19:36.193-03:00Tom sobre tom<div style="text-align: right;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhLw9jVxYpzS8PAiLIoveS5EQ-n-NTDF6Dew-2Vicb0p78Z6lWwiPRt4C3Xg-bQAmT1IUmUHQsU75bEdLP7wmHNMi4ISIokk6bz0MHdI_ry38Wiq1GeTj3oBFzIyW5aJRaMtP9YnsecqJs/s1600/tom+sobre+tom.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhLw9jVxYpzS8PAiLIoveS5EQ-n-NTDF6Dew-2Vicb0p78Z6lWwiPRt4C3Xg-bQAmT1IUmUHQsU75bEdLP7wmHNMi4ISIokk6bz0MHdI_ry38Wiq1GeTj3oBFzIyW5aJRaMtP9YnsecqJs/s320/tom+sobre+tom.jpg" width="263" /></a></div>
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: x-small;"><i>"O inferno são os outros" (Sartre)</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Para o desespero dos apreciadores da “Alta Literatura”
e para o verdadeiro regozijo dos consumidores da típica narrativa de gôndola de
supermercado, o grande sucesso de vendas do ano que se encerrou há poucas
semanas fora a trilogia iniciada pelo romance "<i>Cinquenta Tons de Cinza"</i> (Ed. Intrínseca), da oportunista escritora inglesa
Erika Leonard James. Lançado originalmente em 2011 e ultrapassando a marca de
vendas de outros consagrados “pacotões culturais” do mesmo gênero, o livro
alcançou a marca de milhões de exemplares vendidos também nas plagas
tupiniquins.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">A obra tem sua gênese no ambiente virtual das
“FanFics” (corruptela em inglês para a expressão: <i>ficção criada por fãs</i>).
Incomodada com o excesso de decoro da pudicíssima Stephenie Meyer e seu insosso "discurso de castidade" embutido na fraca série “Crepúsculo”, decidiu utilizar as
personagens da autora americana numa narrativa carregada de erotismo. Quando a versão
digital alcançou sucesso, seus direitos foram adquiridos por uma editora que
sugeriu a substituição dos nomes da saga de Meyer, assim como os elementos da
cultura vampiresca “<i>clean</i>”.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Na obra de James, narrada em primeira pessoa, somos
apresentados a uma tola estudante de jornalismo, aparentemente inexperiente no
mundo do sexo, que se envolve com um multimilionário obscuro, que lhe oferece
seu amor e uma lista de vantagens em troca de agrados sadomasoquistas e de
outras naturezas parafílicas.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Embarcando na narrativa capenga, desorganizada, entupida
de clichês de filminhos da sessão da tarde (bem ao estilo Paulo Coelho) e
coroada com palavras de baixo calão típicas de um aluno de ensino fundamental,
somos apresentados às rasas entranhas desta personagem feminina entediante que,
ao mesmo tempo em que luta com suas fantasias de submissão, manifesta um amor perseverante
e transformador.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">A forma como a escritora aborda as práticas
parafílicas apresentadas na obra incomoda; pura <i>demonização</i>. Classificado como “pornô para mamães” e envolvido numa
atmosfera de libertinagem, o livro, ao contrário do que se pensa, é mais conservador e careta do que muitas obras que andam soltas por aí.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Mesmo assim, como uma espécie de fábula moderna,
incorporou-se ao inconsciente feminino ao resgatar a embotada atmosfera dos “<i>romances
cor-de-rosa</i>” das prateleiras do esquecimento e também por fazer supor, erroneamente, às mesmas (as leitoras assíduas) que é possível a
total "transformação", ou “reformatação” da personalidade, desejos, hábitos e vontades do sujeito par
amoroso do sexo masculino, anulando-o até que, sob os chicotes e outros adereços fetichistas, não reste "tom sobre tom" de sua identidade.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="background-color: white; font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: 11.5pt; line-height: 21px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span style="background-color: white; font-size: 11.5pt; line-height: 21px;">MIRANDA, Rafael Puertas de. <i>Tom sobre tom</i>. </span><b style="background-color: white; font-size: 15px; line-height: 21px;"><span style="font-size: 11.5pt;">Jornal Mogi News</span></b><span style="background-color: white; font-size: 11.5pt; line-height: 21px;">, Mogi das Cruzes, 27 de Janeiro de 2013. Caderno Variedades, p. 02.</span></span></div>
Rafael Puertas de Mirandahttp://www.blogger.com/profile/18274112015745239303noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5211012266594138537.post-28425948881452354322012-12-10T10:20:00.001-02:002014-07-17T20:42:47.725-03:00Forma e Revolução<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEilvYuJIBOAB1bg566MK3qZ1xdTmkIakPPuXUq4xuTeScpOHJ7ZRY1dlyrQ9jaHl9S08LQMvzJlcWucWGxP32-VdhdAtnZ3WsUgq20HZt5-hw82LTuas07rlFFZYEp3kudGZQdsyP0n_GE/s1600/D%C3%A9cio.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEilvYuJIBOAB1bg566MK3qZ1xdTmkIakPPuXUq4xuTeScpOHJ7ZRY1dlyrQ9jaHl9S08LQMvzJlcWucWGxP32-VdhdAtnZ3WsUgq20HZt5-hw82LTuas07rlFFZYEp3kudGZQdsyP0n_GE/s320/D%C3%A9cio.jpg" height="320" width="319" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-size: small; text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: 9pt;"><b>"Sem forma revolucionária não há arte revolucionária." </b></span></span><br />
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span style="font-size: small; text-align: justify;"><span style="font-size: 9pt;">(</span></span><span style="background-color: white; line-height: 19.200000762939453px; text-align: start;">Vladimir Vladimirovitch Mayakovsky</span><span style="font-size: small; text-align: justify;"><span style="font-size: 9pt;">)</span></span></span></td></tr>
</tbody></table>
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Era a boca da noite, quando despontou nas “redes” a nota de falecimento
do poeta jundiaiense Décio Pignatari. Cerca de duas horas depois, ainda nenhum
órgão de imprensa divulgara a notícia, o que acabou deixando muita gente
ressabiada. Alguns acusavam as alheias mídias, outros, desconfiados, cogitavam
a hipótese de que tudo não passasse de mero boato. No caso, a melhor forma de
elucidar o mistério é buscar foro privilegiado. Então, ao acessar páginas de
amigos próximos do poeta, constatei que não era mentira: Décio não estava mais
entre nós.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Quando ainda morava em Osasco, aos vinte e dois anos, publicara seus
primeiros poemas na "<i>Revista Brasileira de Poesias"</i> (revista
fundada e dirigida por Péricles Eugênio da Silva Ramos, a partir de 1947, na
cidade de São Paulo). A breve repercussão de seus textos chama a atenção de
dois jovens irmãos poetas Augusto (1931) e Haroldo de Campos (1929-2003) - a
publicação de uma fotografia de Décio permite que Haroldo o reconheça em uma
tertúlia. Reagindo ao conservadorismo da poesia realizada pela geração de 45, o
trio, a partir de 1952, passa a publicar a revista<i> "Noigrandes"</i> (1952-1962),
que viria a se tornar o veículo da nova estética inaugurada pelos mesmos,
denominada “Concretismo”.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Antecipando a linguagem do espaço virtual e a sensibilidade dos novos
tempos, o manifesto concretista (“Plano-piloto para Poesia Concreta”, publicado
na segunda edição de <i>Noigrandes</i>) anuncia o fim do verso como
unidade rítmico-formal do poema, sua temporalidade e linearidade. A poesia
concreta passa, então, a reconhecer o espaço do poema como agente estrutural,
enleando a linguagem verbal a não-verbal; uma integração entre som, visualidade
e sentido das palavras. Surge um novo campo da linguística, bem específico,
resultado desta aproximação: a sintaxe “verbivocovisual”
(espacial/icônica/visual).</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">No mesmo ano, 1956, o grupo lança o movimento oficialmente, durante a
Exposição Nacional de Arte Concreta no Museu de Arte Moderna de São Paulo e, no
ano seguinte, no saguão do Ministério da Educação e Cultura, no Rio de Janeiro.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">A poesia concreta ganha o mundo. Ainda assim, a estética terá ávidos
críticos. Em praticamente todas suas entrevistas, Pignatari respondia a estas
investidas, indicando, sobretudo, os professores de cursos de letras de
universidades públicas como seus maiores algozes (o saudoso crítico Mário
Chamie era um dos incansáveis odiadores do Concretismo). Também afirmava que a
Poesia Concreta, a despeito de tanto ataque, realizou-se plenamente como
intenção artística e não pode ser ignorada; inscreveu-se em nossa “circulação
sanguínea”. E tinha razão! Adeus, Poeta.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: 11.5pt;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span style="background-color: white; font-size: 11.5pt;">MIRANDA, Rafael
Puertas de. <i>Forma e Revolução</i>. </span><b><span style="font-size: 11.5pt;">Jornal Mogi News</span></b><span style="background-color: white; font-size: 11.5pt;">, Mogi das Cruzes, 09 de Dezembro de
2012. Caderno Variedades, p. 07.</span></span><br />
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span style="background-color: white; font-size: 11.5pt;"><br /></span></span>
<br />
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace; font-size: x-large;"><b><span style="background-color: white; color: red;">Breve</span><span style="background-color: white;">An </span></b></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: Courier New, Courier, monospace; font-size: x-large;"><b>tologia<span style="color: red;">de</span></b></span></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-size: x-large;"><span style="background-color: white;"><span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"><b>Poemas</b></span></span><b style="background-color: white; font-family: 'Courier New', Courier, monospace;"><span style="color: red;">*</span>de</b></span></div>
<div style="text-align: center;">
<b><span style="font-family: 'Courier New', Courier, monospace; font-size: x-large;">Décio Pignatari</span><span style="font-family: 'Courier New', Courier, monospace; font-size: large;"> </span></b></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"><span style="background-color: white;"><span style="font-size: large;">(</span></span></span><span style="background-color: white; font-family: 'Courier New', Courier, monospace; font-size: 11.5pt;">1927-2012)</span><br />
<span style="background-color: white; font-family: 'Courier New', Courier, monospace; font-size: 11.5pt;"><br /></span></div>
<div style="text-align: left;">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"><span style="background-color: white;">*disponíveis na rede</span></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="background-color: white; font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: 11.5pt;"><br /></span></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgmli0NTOCPW5G_C_lmqUJrMpF5cstNi_IzNE-aKePMja74Xef0I3hPEtu47rj722irNt5ink6l6FSRNZqlibsResfmJWZTSTsmrBatHIOngi6iUXXzSOR4nBJqufyPUK389bcAXlAhRVA/s1600/Haroldo,+D%C3%A9cio+e+Augusto.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgmli0NTOCPW5G_C_lmqUJrMpF5cstNi_IzNE-aKePMja74Xef0I3hPEtu47rj722irNt5ink6l6FSRNZqlibsResfmJWZTSTsmrBatHIOngi6iUXXzSOR4nBJqufyPUK389bcAXlAhRVA/s320/Haroldo,+D%C3%A9cio+e+Augusto.jpg" height="219" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Augusto de Campos, Décio Pignatari e Haroldo de Campos, a Tríade Concretista.</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhlhJKbp84zvZLR6moHnTdv4AN_KSbNbtZPl39xMf03eH3ejbmFXwG0e-tyFNhqjUjEtwm0Xujs1k6iq64ML-xKazljfXBZFGHvA3jf6OfYQFPLmnZl08gbYgS8AnONRnxzK1idpVRPe_g/s1600/beba.gif" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhlhJKbp84zvZLR6moHnTdv4AN_KSbNbtZPl39xMf03eH3ejbmFXwG0e-tyFNhqjUjEtwm0Xujs1k6iq64ML-xKazljfXBZFGHvA3jf6OfYQFPLmnZl08gbYgS8AnONRnxzK1idpVRPe_g/s320/beba.gif" height="319" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://www.youtube.com/watch?v=JrKG0xfPLj0" target="_blank">Vídeo Poema - Beba Coca-cola</a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgZ8UKitV816ksOn-j_O2jIZC8ydeAU5gCVOUgfjKx3McrIYjeq6X2inFx5reVOkK92GVAs-pjBxJLY0D4qkrSMUMAXZsWxH14bAuHO20f0cPPlcL7M30_D-iEY6fXE8zWQUotjMBwUpNI/s1600/a7.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgZ8UKitV816ksOn-j_O2jIZC8ydeAU5gCVOUgfjKx3McrIYjeq6X2inFx5reVOkK92GVAs-pjBxJLY0D4qkrSMUMAXZsWxH14bAuHO20f0cPPlcL7M30_D-iEY6fXE8zWQUotjMBwUpNI/s320/a7.jpg" height="320" width="256" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhAQh1WZTsNhDKHiDiSIK67cY6OLpG5zNVxuLHePU5K43RHcj9G8pcpCQou5r-BytvGdgUm5Zc8-cIDafsF1vs9wh3rPlIsKqiaoETFe24I-SlxfllQgLTbEg9MPlLwVKuKT53DedXQw8I/s1600/decio-pignatari-versao-2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhAQh1WZTsNhDKHiDiSIK67cY6OLpG5zNVxuLHePU5K43RHcj9G8pcpCQou5r-BytvGdgUm5Zc8-cIDafsF1vs9wh3rPlIsKqiaoETFe24I-SlxfllQgLTbEg9MPlLwVKuKT53DedXQw8I/s320/decio-pignatari-versao-2.jpg" height="197" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEit1USu2Opj-9T-unhwF91e-tU8kqaDLnNvBoearZbBIyAtoaEJqhZ8LE2inOgHKGbGZVZy8-bQpN8k4wviIztLTyjejpLtxZTBx7Lchm9lCjW5L4qqwZ9LDrQ9ME26DPazJz7zFDC8geE/s1600/decioo.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEit1USu2Opj-9T-unhwF91e-tU8kqaDLnNvBoearZbBIyAtoaEJqhZ8LE2inOgHKGbGZVZy8-bQpN8k4wviIztLTyjejpLtxZTBx7Lchm9lCjW5L4qqwZ9LDrQ9ME26DPazJz7zFDC8geE/s400/decioo.jpg" height="400" width="260" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgVZv50Yk5IFtUY1fDAeYkRxAC0gyqdMJSasHkVeqorq5NeXNp0VbO3UcByazL2Li6RWk6VUllz35MrJ7uK9eZPcsSoxARSYLTN3pEk7M2tHlaHxzWtrN8_kir8fsVzdiuz0-roqJRPlxY/s1600/16.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgVZv50Yk5IFtUY1fDAeYkRxAC0gyqdMJSasHkVeqorq5NeXNp0VbO3UcByazL2Li6RWk6VUllz35MrJ7uK9eZPcsSoxARSYLTN3pEk7M2tHlaHxzWtrN8_kir8fsVzdiuz0-roqJRPlxY/s640/16.jpg" height="467" width="640" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj0oYRsN5SFuGkRlISB262yBWLZ8prvu81vzWIMazLm4kCp3GvYpwPjlVByxBzXQXM7dzJhdnAGjwMPod1Z400qoM2uNKSy1BXkj_-XswRnH0QI2H1gC8daWAobKoTkD-cLvfNN961eq8Y/s1600/transcriar27.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj0oYRsN5SFuGkRlISB262yBWLZ8prvu81vzWIMazLm4kCp3GvYpwPjlVByxBzXQXM7dzJhdnAGjwMPod1Z400qoM2uNKSy1BXkj_-XswRnH0QI2H1gC8daWAobKoTkD-cLvfNN961eq8Y/s320/transcriar27.jpg" height="320" width="318" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh_mcJ_sD-8cwyOqvsfGnoXNc59YW5i91yUJ0TRwfQYGvQyG5CNQRSyJWmAAz9ofHoRpYwWvrpTIyOUvdTYrAi2_XTaBkTve2Sybhd68ACM2NLqOBWj00H_sCF-4u6-zk3_5J5cTTQ4UuU/s1600/532433_455081357861225_933998988_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh_mcJ_sD-8cwyOqvsfGnoXNc59YW5i91yUJ0TRwfQYGvQyG5CNQRSyJWmAAz9ofHoRpYwWvrpTIyOUvdTYrAi2_XTaBkTve2Sybhd68ACM2NLqOBWj00H_sCF-4u6-zk3_5J5cTTQ4UuU/s640/532433_455081357861225_933998988_n.jpg" height="228" width="640" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgPJd2Dj06X3h5fNt8i-VY_07ltPqwc731OHt_iScEpyqRRVVNQHRSKA_SKwp6dv15xxEzK19jQNr0J-S6z9lioWAOUNX2l9vZeb424yonuWjqBodkPxgt0t2pCzhGrt02w11mB2cQ223k/s1600/ScannedImage-3.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgPJd2Dj06X3h5fNt8i-VY_07ltPqwc731OHt_iScEpyqRRVVNQHRSKA_SKwp6dv15xxEzK19jQNr0J-S6z9lioWAOUNX2l9vZeb424yonuWjqBodkPxgt0t2pCzhGrt02w11mB2cQ223k/s400/ScannedImage-3.jpg" height="216" width="400" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwj-wS_YKqMcxjWJEp1gPLxHn8eb_qkBHrMwRZb5VwxfRg22wL6srSOlbHIjZDxrE1mqeMtwn69mSJcN-xl7Rr7VAj9W3jqJ0Jcm6vm6mGADZAI1Tag4plkK7z2o9hvxgPSC1gJHh_B8w/s1600/ScannedImage-4.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwj-wS_YKqMcxjWJEp1gPLxHn8eb_qkBHrMwRZb5VwxfRg22wL6srSOlbHIjZDxrE1mqeMtwn69mSJcN-xl7Rr7VAj9W3jqJ0Jcm6vm6mGADZAI1Tag4plkK7z2o9hvxgPSC1gJHh_B8w/s400/ScannedImage-4.jpg" height="225" width="400" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj9mxKCuz2SGc7gKC9hOq08d6I2r2JsGZxzvEW4GobE2Btdp5B4uMCSJs9kj9ECQi7liNUNy7CvhOFkj-HLOkHIHN9bP69i-EsVjpexOxo5hvVfVFG5PsLcsbYpIdZyMkooVQTS10n9fxw/s1600/4448493754_526cdd65be_m.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj9mxKCuz2SGc7gKC9hOq08d6I2r2JsGZxzvEW4GobE2Btdp5B4uMCSJs9kj9ECQi7liNUNy7CvhOFkj-HLOkHIHN9bP69i-EsVjpexOxo5hvVfVFG5PsLcsbYpIdZyMkooVQTS10n9fxw/s320/4448493754_526cdd65be_m.jpg" height="320" width="200" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjw2-X7BeeNjEut2YaB0i65EbY2hf7D078ZoFNlbv4Dda5RlzSCrFhO5ekVNZ-UppYrTkJE8xeN2TL_IgyvM1hLJgjB2pKKZFP-95fsZZya4L36kTMoFiiQ9N5PCLkkywWYOrchxQjE0Qc/s1600/decio1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjw2-X7BeeNjEut2YaB0i65EbY2hf7D078ZoFNlbv4Dda5RlzSCrFhO5ekVNZ-UppYrTkJE8xeN2TL_IgyvM1hLJgjB2pKKZFP-95fsZZya4L36kTMoFiiQ9N5PCLkkywWYOrchxQjE0Qc/s640/decio1.jpg" height="260" width="640" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgF9M3LnNwpfz2jdeZpq96t4BhvNN03Ydop8dFPTyeY5CGhmuklY2GPCEPpDL4XQW2bifcHjo65Ts1my3bqa7o_MTPv11cRw_6cxwvLdZd8Bx9190kR4lRA0AOw-EUP0LsVE4uDA2ECc4k/s1600/decio_pignatari_life.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgF9M3LnNwpfz2jdeZpq96t4BhvNN03Ydop8dFPTyeY5CGhmuklY2GPCEPpDL4XQW2bifcHjo65Ts1my3bqa7o_MTPv11cRw_6cxwvLdZd8Bx9190kR4lRA0AOw-EUP0LsVE4uDA2ECc4k/s400/decio_pignatari_life.jpg" height="400" width="142" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgpkap2PFeFCtWHC-4d8TM8K3XxLaNTRKwUXf-EhW0RI05xTJgCmSWB15aKSgrtytDb-v5pyJ8F7I4I89qvRJ7vrsgUGpH3UuuCcFs2KbZM9PvKY_1lRT1dEPX38_ZV_yyoVmxccir34CI/s1600/preview_html_56f9d996.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgpkap2PFeFCtWHC-4d8TM8K3XxLaNTRKwUXf-EhW0RI05xTJgCmSWB15aKSgrtytDb-v5pyJ8F7I4I89qvRJ7vrsgUGpH3UuuCcFs2KbZM9PvKY_1lRT1dEPX38_ZV_yyoVmxccir34CI/s400/preview_html_56f9d996.jpg" height="265" width="400" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh_AKVHZQk4QTKCPs0ZdhDM6Lu5HtLfMIFVr0KU20CxhZFjiOJ1rGAmGfxA1ZO1CUARRBO0Pk5Eqt5EEpDTsuCT16gaVbaJ_U9uEsKYCLj_kBEQkTRVeQyqGlFFu60OuAcNIy-nLCnjRbs/s1600/decio_pignatari_3.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh_AKVHZQk4QTKCPs0ZdhDM6Lu5HtLfMIFVr0KU20CxhZFjiOJ1rGAmGfxA1ZO1CUARRBO0Pk5Eqt5EEpDTsuCT16gaVbaJ_U9uEsKYCLj_kBEQkTRVeQyqGlFFu60OuAcNIy-nLCnjRbs/s640/decio_pignatari_3.jpg" height="640" width="243" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjBT664Fx5ptfTUd8KzLffJtiDwZ1IS-RU-Q1DVvaHPWAo6xskHXg4lMbjYCK9ZQ3OFQgYI_j_6JxmVkfxyxjtylqUeRm93iRwJI2eKD8E-NxlPeQBTOBzXxOAYt5jbrWI5hQSXPrJlqVQ/s1600/dercio_pignatiri3.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjBT664Fx5ptfTUd8KzLffJtiDwZ1IS-RU-Q1DVvaHPWAo6xskHXg4lMbjYCK9ZQ3OFQgYI_j_6JxmVkfxyxjtylqUeRm93iRwJI2eKD8E-NxlPeQBTOBzXxOAYt5jbrWI5hQSXPrJlqVQ/s400/dercio_pignatiri3.jpg" height="396" width="400" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>o jogral e a prostituta negra</b></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">farsa trágica</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Onde eras a mulher deitada, depois</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">dos ofícios da penumbra, agora</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">és um poema:</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Cansada cornucópia entre festões de rosas murchas.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">É à hora carbôni-</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">ca e o sol em mormaço</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">entre sonhando e insone.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">A legião dos ofendidos demanda</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">tuas pernas em M,</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">silenciosa moenda do crepúsculo.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">É a hora do rio, o grosso rio que lento flui</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">flui pelas navalhas das persianas,</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">rio escuro. Espelhos e ataúdes</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">em mudo desterro navegam:</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Miraste no esquife e morres no espelho.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Morres. Intermorres.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Inter (ataúde e espelho) morres.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Teu lustre em volutas (polvo</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">barroco sopesando sete</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">laranjas podres) e teu leito de chumbo</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">têm as galas do cortejo:</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Tudo passa neste rio, menos o rio.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Minérios, flora e cartilagem</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">acodem com dois moluscos</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">murchos e cansados,</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">para que eu te componha, recompondo:</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Cansada cornucópia entre festões de rosas murchas.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">(Modelo em repouso. Correm-se as mortalhas das</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">persianas. Guilhotinas de luz lapidam o teu dorso em</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">rosa: tens um punho decepado e um seio bebendo</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">na sombra. Inicias o ciclo dos cristais e já cintilas.)</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Tua al(gema negra)cova assim soletrada em câma-</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">ra lenta, levantas a fronte e propalas:</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">"Há uma estátua afogada..." (Em câmara lenta! – disse).</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">"Existe uma está-</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">tua afogada e um poeta feliz(ardo -o</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">em louros!). Como os lamento e</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">como os desconheço!</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Choremos por ambos."</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Choremos por todos – soluço, e entoandum</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">litúrgico impropério a duas vozes</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">compomos um simbólico epicédio AAquela</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">que deitada era um poema e o não é mais.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Suspenso o fôlego, inicias o grande ciclo</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">subterrâneo de retorno</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">às grandes amizades sem memória</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">e já apodreces:</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Cansada cornucópia entre festões de rosas murchas.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: right;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: x-small;"><b>(1949, em O Carrossel, 1950)</b></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: x-small;"><b><br /></b></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"></span></div>
<div class="separator" style="clear: both;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>Três poemas ideológicos de amor (1986)</b></span></div>
<div class="separator" style="clear: both;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Você já arranhou parde?</span></div>
<div class="separator" style="clear: both;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"> já sentiu o ácaro da rosa ausente</span></div>
<div class="separator" style="clear: both;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"> já mastigou pano</span></div>
<div class="separator" style="clear: both;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"> já viu a romã dar-se à luz em grená</span></div>
<div class="separator" style="clear: both;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"> e o golfinho saltando para o teu útero</span></div>
<div class="separator" style="clear: both;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Você já ouviu um pintassilgo ouvindo Beteljosa</span></div>
<div class="separator" style="clear: both;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">I amo você</span></div>
<div class="separator" style="clear: both;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">***</span></div>
<div class="separator" style="clear: both;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">ventrava estrelas</span></div>
<div class="separator" style="clear: both;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"> e azul teu cheiro</span></div>
<div class="separator" style="clear: both;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"> e cheiros</span></div>
<div class="separator" style="clear: both;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"> beiravam pregas</span></div>
<div class="separator" style="clear: both;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"> de luz e pele</span></div>
<div class="separator" style="clear: both;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"> e enchiam o</span></div>
<div class="separator" style="clear: both;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"> cosmos um corpo</span></div>
<div class="separator" style="clear: both;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"> que se beijava</span></div>
<div class="separator" style="clear: both;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"> por inteiros</span></div>
<div class="separator" style="clear: both;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">***</span></div>
<div class="separator" style="clear: both;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Morrer em Nínive</span></div>
<div class="separator" style="clear: both;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">desmemoriado</span></div>
<div class="separator" style="clear: both;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">insensível a tudo</span></div>
<div class="separator" style="clear: both;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">não fôra</span></div>
<div class="separator" style="clear: both;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">a grandeza do fim</span></div>
<div class="separator" style="clear: both;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">não fôra a lembrança</span></div>
<div class="separator" style="clear: both;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">daquela terra</span></div>
<div class="separator" style="clear: both;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">de índios e suipsitacídios</span></div>
<div class="separator" style="clear: both;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">onde teus olhos</span></div>
<div class="separator" style="clear: both;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">me falolharam</span></div>
<div class="separator" style="clear: both;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">por tuas bocas</span></div>
<div class="separator" style="clear: both;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">pela primeira vez</span></div>
<div class="separator" style="clear: both;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="background: white; line-height: 14.2pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>EUPOEMA</b><o:p></o:p></span></div>
<div class="western" style="background: white; line-height: 14.2pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><br /></b></span></div>
<div class="western" style="background: white; line-height: 14.2pt; margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">O lugar onde eu nasci nasceu-me<br />
num interstício de marfim,<br />
entre a clareza do início<span class="apple-converted-space"> </span><br />
e a celeuma do fim.<o:p></o:p></span></div>
<div class="western" style="background: white; line-height: 14.2pt; margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="background: white; line-height: 14.2pt; margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Eu jamais soube ler: meu olhar<span class="apple-converted-space"> </span><br />
de errata a penas deslinda as feias<span class="apple-converted-space"> </span><br />
fauces dos grifos e se refrata:<br />
onde se lê leia-se.<o:p></o:p></span></div>
<div class="western" style="background: white; line-height: 14.2pt; margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="background: white; line-height: 14.2pt; margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Eu não sou quem escreve,<span class="apple-converted-space"> </span><br />
mas sim o que escrevo:<br />
Algures Alguém<br />
são ecos do enlevo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="separator" style="clear: both;">
</div>
<div class="western" style="background: white; line-height: 14.2pt; margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgjfhifgbfEfZyCp0UU2ndw_Jm8XdQiVOWeycQFsvfontTyScue6TR8VZIkOMKiL1SNACA2H_9_KboaaQVuaE78k1gNBzw551wG_q2vtgnfbqEkrxhjnSyZt-jIaIQWgMIlWOACD92yxmI/s1600/d%C3%A9cio+2+-+poesia+semi%C3%B3tica.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgjfhifgbfEfZyCp0UU2ndw_Jm8XdQiVOWeycQFsvfontTyScue6TR8VZIkOMKiL1SNACA2H_9_KboaaQVuaE78k1gNBzw551wG_q2vtgnfbqEkrxhjnSyZt-jIaIQWgMIlWOACD92yxmI/s640/d%C3%A9cio+2+-+poesia+semi%C3%B3tica.JPG" height="640" width="441" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEizhoXElLIY53ATvNA1CcVUSzUrBv3AGRN4oKBmhsTWhHk033KFqCnJ73aoOJc7a0izlz1gxUbe54x5qhQetPBT8vGkkmWjfTeB6Wj5OfNztit6xUt3X3SXIdvPVRsovK1UosCbhePnjuE/s1600/amantes.gif" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEizhoXElLIY53ATvNA1CcVUSzUrBv3AGRN4oKBmhsTWhHk033KFqCnJ73aoOJc7a0izlz1gxUbe54x5qhQetPBT8vGkkmWjfTeB6Wj5OfNztit6xUt3X3SXIdvPVRsovK1UosCbhePnjuE/s1600/amantes.gif" height="400" width="361" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhlKdr4KqaxKzYpYMtJyz_o3kizNMsaY5tRzC3ji_LH2uq3TGbLKs9WJ9R5zvFpL-DMCfX_GGnD8gJBJVjK40a_0k6islZjy72tL6VUH8hiKut2UcwFudEkqJ5hdl4lFcWcN-Qc8tgcGMo/s1600/decio-pignatari-007.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhlKdr4KqaxKzYpYMtJyz_o3kizNMsaY5tRzC3ji_LH2uq3TGbLKs9WJ9R5zvFpL-DMCfX_GGnD8gJBJVjK40a_0k6islZjy72tL6VUH8hiKut2UcwFudEkqJ5hdl4lFcWcN-Qc8tgcGMo/s1600/decio-pignatari-007.jpg" height="288" width="400" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEinxADa6S2yszFc2dxsusQd9kMTUo1PqDnAotKDV3ve7GpNlZGpylHEuvAvnZahX-dx_1UNVtH6l9qGrraWHnOQRG__PgHPuj0PU5XtHDuJQ8rzN51jGaT68J0C-9Dmi5MFty-aMOgEi3A/s1600/decio-pignatari-008.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEinxADa6S2yszFc2dxsusQd9kMTUo1PqDnAotKDV3ve7GpNlZGpylHEuvAvnZahX-dx_1UNVtH6l9qGrraWHnOQRG__PgHPuj0PU5XtHDuJQ8rzN51jGaT68J0C-9Dmi5MFty-aMOgEi3A/s1600/decio-pignatari-008.jpg" height="288" width="400" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh38gJbxwSggmSGbu4GXu08GbdE5xcj-vN9JvcT6ANEtG_BxPQ-s2s6VN76FYEcuk8sFdy1-FoB9ptFCn2m-ELeB0eUOdicVGNADwqX6ZQhefy8EmMMANgh3db6pQ8GVfr1Pug8_Oh9_RE/s1600/decio-pignatari-009.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh38gJbxwSggmSGbu4GXu08GbdE5xcj-vN9JvcT6ANEtG_BxPQ-s2s6VN76FYEcuk8sFdy1-FoB9ptFCn2m-ELeB0eUOdicVGNADwqX6ZQhefy8EmMMANgh3db6pQ8GVfr1Pug8_Oh9_RE/s1600/decio-pignatari-009.jpg" height="640" width="426" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhBWZxVQQEWQENFzWR8yC8ZOjsPXwlgrqnACdAzuZMIj1mtum1DLbCHBXrKMMjn3g3D32LA9-H-f7soYMgb4x5mdCkqE1xIkQXs7iW2EhQITe4U61d-WmaouWp9d06RWXiv4kgZ6nxlt7A/s1600/Poema-de-Decio-Pignatari.gif" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhBWZxVQQEWQENFzWR8yC8ZOjsPXwlgrqnACdAzuZMIj1mtum1DLbCHBXrKMMjn3g3D32LA9-H-f7soYMgb4x5mdCkqE1xIkQXs7iW2EhQITe4U61d-WmaouWp9d06RWXiv4kgZ6nxlt7A/s1600/Poema-de-Decio-Pignatari.gif" height="400" width="127" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMhUxt61LPRdvfKOoaqpOxzjlpdLpkMnx0wQ35Y1afAoBjiGbQGaZPKdkS5cUjpWj-f8t7moSEedXw0tyUQvr-s-SCWwz3ITDDdlA3xj5dFvjq8qsWprnuw3oN4za_uIKaH8IsW1qjgJ8/s1600/transcriar27.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMhUxt61LPRdvfKOoaqpOxzjlpdLpkMnx0wQ35Y1afAoBjiGbQGaZPKdkS5cUjpWj-f8t7moSEedXw0tyUQvr-s-SCWwz3ITDDdlA3xj5dFvjq8qsWprnuw3oN4za_uIKaH8IsW1qjgJ8/s1600/transcriar27.jpg" height="640" width="636" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj5VvRW2BocV0wrKiOnRqZPLvRhGWoWTg6QcmKp5STC-z9Sc7axEnsCkOetQSWjaJKW6kgXtXNHmuFqd0UUc2cYnpGYpDADi4sVK0gW288nBmS-WUwY8NewK-MhUFxmNLHKR5iSK4a8vMQ/s1600/Poema-de-Decio-Pignatari.gif" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj5VvRW2BocV0wrKiOnRqZPLvRhGWoWTg6QcmKp5STC-z9Sc7axEnsCkOetQSWjaJKW6kgXtXNHmuFqd0UUc2cYnpGYpDADi4sVK0gW288nBmS-WUwY8NewK-MhUFxmNLHKR5iSK4a8vMQ/s1600/Poema-de-Decio-Pignatari.gif" height="320" width="102" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiP4EgnPLF0IetB9JjRVAWbkehERZGZkWYeafCDqcgyiV9ESvXZxRq4RtgGMQ29wagPsRKhj7QQeN_uTnMqtsUPnofTCHzerz0MuXVDHf9yILFwiF9hR8tkxj_DWr8fsOa2SxyfPcxmEew/s1600/dc3a9cio-pignatari.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiP4EgnPLF0IetB9JjRVAWbkehERZGZkWYeafCDqcgyiV9ESvXZxRq4RtgGMQ29wagPsRKhj7QQeN_uTnMqtsUPnofTCHzerz0MuXVDHf9yILFwiF9hR8tkxj_DWr8fsOa2SxyfPcxmEew/s1600/dc3a9cio-pignatari.jpg" height="320" width="201" /></a></div>
<br />
<div>
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg6-2lGdbv4lS8P2d_Jwr1WnDGVsjUsg3gOmAxbI_UCo7Llu2POOIZ-jubfBxR2_8glP9REZnPRG5TBbeXbqvCLih5vwI1GaQ_O6bXOrmXmdp4ho6KsnWz53Aw0QLWTmQTYzVE8zHV0jPw/s1600/73014_568371549845795_248281436_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg6-2lGdbv4lS8P2d_Jwr1WnDGVsjUsg3gOmAxbI_UCo7Llu2POOIZ-jubfBxR2_8glP9REZnPRG5TBbeXbqvCLih5vwI1GaQ_O6bXOrmXmdp4ho6KsnWz53Aw0QLWTmQTYzVE8zHV0jPw/s1600/73014_568371549845795_248281436_n.jpg" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjxJmVMUc_f30lIje0c4_9H6m_deSvSMpKfzg3pmbdrM0ggrS3djKX26ha8w5zxuVJspLnicwWaDiXPeM76S7G5gFZch3mqBczKFjRbp8tGri2vP2I6Fh9Fmg-E8djWReEzIr69rZROoqI/s1600/296012_2085304131172_1106680282_n-e1354711500933.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjxJmVMUc_f30lIje0c4_9H6m_deSvSMpKfzg3pmbdrM0ggrS3djKX26ha8w5zxuVJspLnicwWaDiXPeM76S7G5gFZch3mqBczKFjRbp8tGri2vP2I6Fh9Fmg-E8djWReEzIr69rZROoqI/s1600/296012_2085304131172_1106680282_n-e1354711500933.jpg" height="205" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<b>Link´s:</b></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://cronopios.com.br/site/ensaios.asp?id=5769" target="_blank">Décio Pignatari: a memorável passagem do Fauno pelo planeta Terra</a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://cronopios.com.br/site/ensaios.asp?id=5292" target="_blank">Verbo e Visualidade: a propósito da poesia de Décio Pignatari e Augusto dos Anjos</a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_lit/index.cfm?fuseaction=biografias_texto&cd_verbete=5125" target="_blank">Biografia e Publicações</a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://www.poesiaconcreta.com/poetas.php?poeta=dp" target="_blank">www.poesiaconcreta.com</a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<br /></div>
</div>
Rafael Puertas de Mirandahttp://www.blogger.com/profile/18274112015745239303noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-5211012266594138537.post-4975446932978555242012-12-04T18:33:00.000-02:002015-01-05T20:54:34.459-02:00Perto<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhig7mUYe1h-AvJ85h_bqWf_VANW9G7SmEd05LKA_KQfKLNTPDjYc3kI4g1W7CKeYwrbooDW_daLUvew3WFIzcvosKKlprifJ-e4PZtpT6PE8KbMu-UmKiHWkkISYP7RbeyG4Mt-SQZ_8c/s1600/clarice.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="283" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhig7mUYe1h-AvJ85h_bqWf_VANW9G7SmEd05LKA_KQfKLNTPDjYc3kI4g1W7CKeYwrbooDW_daLUvew3WFIzcvosKKlprifJ-e4PZtpT6PE8KbMu-UmKiHWkkISYP7RbeyG4Mt-SQZ_8c/s320/clarice.jpg" width="320"></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Aproveitando os últimos suspiros do truculento ano
de 2012, alguns entusiastas do estudo da literatura já direcionaram suas atenções para
as datas comemorativas a serem celebradas no próximo ano. Ainda, entre as discussões
acaloradas, não vi nenhuma referência a uma importante obra que, em 2013,
comemorará seu 70º Aniversário. Trata-se da narrativa “Perto do Coração
Selvagem“ (1943), romance de estréia da escritora ucraniana, naturalizada
brasileira, Clarice Lispector (1920-1977).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Clarice, que escrevera o livro com dezenove anos e
o guardara até o ano de publicação, causou um verdadeiro alvoroço entre a
crítica literária brasileira que, até então, concentrava fogo em romances
regionalistas bem enredados; respeitadores de um nexo sequencial narrativo linear (também a prosa intimista despontava). </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">A obra de Clarice, fragmentária e carregada de
digressões, além de surpreender a todos, inaugurou na literatura brasileira um
estilo elíptico e introspectivo que nos leva às entranhas das complexas
personagens que muitas vezes, pelo teor de suas divagações e questionamentos
existenciais e metafísicos, parecem-nos por demais surpreendentes, quiçá inacreditáveis.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Em “Perto do Coração Selvagem”, acompanhamos o fluxo de consciência
da inquieta personagem protagonista Joana (espécie de alterego da própria
escritora) que vasculha suas lembranças de menina órfã para lançar luzes sobre
o mundo adulto no qual está inserida no momento da enunciação. Diante do
divórcio que acabou de protagonizar, tenta reencontrar a si mesma, libertar-se.
Todo um mosaico de experiências sufocantes emerge a fim de recompor seu estado
bruto; o estado de construção da sua essência, onde cabe até a relativização da
moral. Vale!</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">***</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Fragmento:</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">“(...)- Joana... Joana, eu vi...</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Joana lançou-lhe um olhar rápido. Continuou silenciosa. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">- Mas você não diz nada? - não se conteve a tia, a
voz chorosa. - Meu Deus, mas o que vai ser de você?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">- Não se assuste, tia. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">- Mas uma menina ainda... Você sabe o que fez?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">- Sei...</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">- Sabe... sabe a palavra...?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">- Eu roubei o livro, não é isso?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">- Mas, Deus me valha! Eu já nem sei o que faço, pois ela ainda
confessa!</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">- A senhora me obrigou a confessar. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">- Você acha que se pode... que se pode roubar?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">- Bem... talvez não. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">- Por que então...?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">- Eu posso. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">- Você?! - gritou a tia. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">- Sim, roubei porque quis. Só roubarei quando quiser. Não faz mal nenhum. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">- Deus me ajude, quando faz mal, Joana? </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">- Quando a gente rouba e tem medo. Eu não estou contente nem triste."</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="background-color: white; font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 15px; line-height: 21px;">MIRANDA, Rafael Puertas de. <i>Perto</i></span><span style="background-color: white; font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 15px; line-height: 21px;">. </span><strong style="background-color: white; font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 15px; line-height: 21px;">Jornal Mogi News</strong><span style="background-color: white; font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 15px; line-height: 21px;">, Mogi das Cruzes, 02 Dezembro de 2012. Caderno Variedades, p. 07.</span></div>
Rafael Puertas de Mirandahttp://www.blogger.com/profile/18274112015745239303noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5211012266594138537.post-71927114916118592412012-11-18T02:21:00.000-02:002012-11-27T14:00:19.094-02:00Dos rótulos<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEifieBTvAqoYUtZ7wryKrbOd4MjwWDthsYFio2AIHC23esgfUAMqr4gbNlWFXGBbXoW73gK_ozAcp2bir_ZTEpWmjBcuqFsZOCcyUP3wJehhdbKARQZqndGbfAXtBGn2EjjGIH6kWK6gRI/s1600/tumblr_m22r4fYvTT1qgq45ao1_500_large.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="128" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEifieBTvAqoYUtZ7wryKrbOd4MjwWDthsYFio2AIHC23esgfUAMqr4gbNlWFXGBbXoW73gK_ozAcp2bir_ZTEpWmjBcuqFsZOCcyUP3wJehhdbKARQZqndGbfAXtBGn2EjjGIH6kWK6gRI/s320/tumblr_m22r4fYvTT1qgq45ao1_500_large.png" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
Em Agosto passado, a editora Cosac Naify lançava a belíssima obra bilíngue “<i>Poemas de Konstantinos Kaváfis – Tradução: Haroldo de Campos</i>” ("Konstantinos/Haroldo/Kaváfis/de Campos"; na capa). A primeira edição, com tiragem de mil e quinhentos exemplares, hoje já é quase uma raridade e não é por menos (aguarda-se uma segunda tiragem). </div>
<div style="text-align: justify;">
Organizado e revisado pelo respeitável tradutor Trajano Vieira (ganhador, em 2012, do prêmio Jabuti pela excelente tradução da Odisseia, de Homero; publicada pela Editora 34), o livro contém o louvável trabalho do saudoso professor e poeta concretista Haroldo de Campos (1929-2003), que vertera do grego moderno 15 poemas do escritor greco-alexandrino Kaváfis. </div>
<div style="text-align: justify;">
Como diria Haroldo, contrariando puristas insossos, trata-se de um trabalho de “transcriação” poética e não uma mera tradução literal. Nos textos, podemos distinguir a própria essência também do tradutor/poeta, que, numa contenda brilhante, nos oferece a alma de um dos mais entusiasmantes e contraditórios nomes da poesia em grego moderno, valorizando sua melopeia, suas construções, sua subjacente ironia e, sobretudo, as sutilezas de uma linguagem despojada e depurada. Ainda, no poema “<i>À espera dos bárbaros</i>”, emprega elementos versíficos de Drummond – propondo um diálogo cabível (interessante a correspondência entre a trajetória dos dois poetas: nascidos em famílias abastadas, terminam a vida desempenhando funções burocráticas no funcionalismo público e escrevendo poemas para suplantarem a "asfixia" de suas funções). </div>
<div style="text-align: justify;">
No prefácio da referida obra, encontramos um poema “kavafiano” de Haroldo de Campos e no apêndice, que forma uma segunda seção, a “transcriação” do poema “<i>A catástrofe de Psara</i>” e de um excerto de “<i>Canto heroico e funeral para o segundo-tenente desaparecido na Albânia</i>”, respectivamente, dos poetas gregos Dionysios Solomos (1798-1857) e Odysséas Elýtis (1911-1996); um breve ensaio de Haroldo (publicado anteriormente na revista “<i>Remate de Males</i>” – UNICAMP), que elucida o processo de transcriação de um dos poemas de Kaváfis; e, finalmente, a nota final de Trajano Vieira, que nos apresenta a importância do projeto editorial e o trabalho de Campos (os dois traduziram brilhantemente a Ilíada, de Homero). </div>
<div style="text-align: justify;">
Konstantinos Kaváfis (1863-1933) nasceu na Alexandria, numa colônia grega, e sua obra é constituída de 154 poemas reelaborados/recriados durante toda sua vida. Não publicou livros, optando pela distribuição de seus textos em folhas soltas e breves opúsculos. Homossexual assumido, contrariava, em seus poemas, valores tradicionais e, mergulhando na história, reconstruía a visão do oriente helênico, denotando o embate entre a cultura pagã e cristã. A obra resenhada apresenta seus mais famosos poemas. Vale! </div>
<div style="text-align: justify;">
*** </div>
<div style="text-align: justify;">
Em um artigo ralo intitulado “<i>Tradução do alexandrino Konstantinos Kaváfis recoloca autor em cena*</i>”, publicado no dia 31/08/2012 no jornal “O Estado de São Paulo”, o crítico Antonio Gonçalves Filho, ao apresentar a mesma obra, comete, entre outros, dois enganos imperdoáveis: o primeiro ao afirmar que a obra contém 17 poemas de Kaváfis (será que não a leu?) e o segundo (e mais grave) ao acrescentar ao lado do nome do poeta Carlos Drummond de Andrade o rótulo “(homofóbico)”, sugerindo que Haroldo tenha se equivocado profundamente ao empregar suas estruturas. Caro Antonio, por acaso desconhece os poemas homoeróticos de Drummond? Acredito que sim. Inclusive, desconfio de que leia pouco, mas que, mesmo assim, não se canse de distribuir rótulos espúrios a quem não os mereça. Cresça.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 15px; line-height: 21px;">MIRANDA, Rafael Puertas de. <i>Dos rótulos</i></span><span style="background-color: white; font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 15px; line-height: 21px;">. </span><strong style="background-color: white; font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 15px; line-height: 21px;">Jornal Mogi News</strong><span style="background-color: white; font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 15px; line-height: 21px;">, Mogi das Cruzes, 25 Novembro de 2012. Caderno Variedades, p. 07.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 15px; line-height: 21px;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
(*) Link do Artigo mencionado:</div>
<div style="text-align: justify;">
<a href="http://www.estadao.com.br/noticias/arteelazer,traducao-do-alexandrino-konstantinos-kavafis-recoloca-autor-em-cena,924263,0.htm" target="_blank">http://www.estadao.com.br/noticias/arteelazer,traducao-do-alexandrino-konstantinos-kavafis-recoloca-autor-em-cena,924263,0.htm</a></div>
Rafael Puertas de Mirandahttp://www.blogger.com/profile/18274112015745239303noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5211012266594138537.post-25842078304030712232012-11-18T01:48:00.000-02:002012-11-18T01:48:33.912-02:00Manutenção<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiBL4vwQ6Jgw7uYvsuo1gUotbzNKN0cZf32nKgKSXdg0SzCpFsk86gfj7S0Ne9bIs8CKnvcGhiqA3yvNdE2oM8o3eLAjlUQKtJ5_dHJ2E8aVCdlNa1JEjB_vOmijH0zR4nsSiLvoZ57xR8/s1600/qui.jpg" imageanchor="1"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiBL4vwQ6Jgw7uYvsuo1gUotbzNKN0cZf32nKgKSXdg0SzCpFsk86gfj7S0Ne9bIs8CKnvcGhiqA3yvNdE2oM8o3eLAjlUQKtJ5_dHJ2E8aVCdlNa1JEjB_vOmijH0zR4nsSiLvoZ57xR8/s320/qui.jpg" width="248" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 11pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 11pt;">Era no tempo da trilha,</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">quando ainda o manchego heroico<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">singrava tortuosa fortuna<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">e a sandice, gasta armadura,<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">galopava rocinante.</span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">(tanto livro lido!</span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">tanto livro lido!)<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Numa curva do incerto caminho,<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">entretanto,</span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">pai de suposto destino domado,<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">encontra, a triste figura,<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">uma quinta;<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">(es)quina de tempo menino.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Por pouco,</span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">imagem remota o acorda de sonho profundo e, <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">presto, acha a lança partida<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">puro brinquedo nulo,<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">fraco frasco fulo do elixir da vergonha.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">(razão voltou, e também quer...)<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Então, de um muro dobrado às pressas,<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">cambaleando a pança que lhe roubara o nome,<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">surge o maltrapilho escudeiro.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Na ânsia protetora que lhe comove,</span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">desfere derradeiro berro,<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">insígnia folheada de cavalaria, <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">veneno som, tara crina,<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">rasgando a hipnose.</span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">O cavaleiro se volta,<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">e volta também o absurdo;<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">apneia cega em oceano turvo.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Então, <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">ironia ou não,<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">vai que a loucura,<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">fruto obtuso de sintonia tão estreita,<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">fora bem de novo parida pela mão do são,<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 11pt;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">manutenção.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 11.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: white; font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 15px; line-height: 21px;">MIRANDA, Rafael Puertas de. <i>Da loucura (Manutenção)</i></span><span style="background-color: white; font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 15px; line-height: 21px;">. </span><strong style="background-color: white; font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 15px; line-height: 21px;">Jornal Mogi News</strong><span style="background-color: white; font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 15px; line-height: 21px;">, Mogi das Cruzes, 11 de Novembro de 2012. Caderno Variedades, p. 07.</span></div>
Rafael Puertas de Mirandahttp://www.blogger.com/profile/18274112015745239303noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5211012266594138537.post-33655493036897107292012-11-18T01:31:00.001-02:002012-11-18T01:48:44.534-02:00Mestre do mistério<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZxRv6rsK548SBhUcsDTe8XSYjLBJUK5o5Janrfg0mdUyu9DuZ-EwoRavGYz7jeC7sBk5XyxY5E-g8iK987KPmP8KZ8660FvP0NunfK8QQiMsYnwHjNm1IghOrYLHjbnVXERu49QEUNgU/s1600/MarcosRey.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="253" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZxRv6rsK548SBhUcsDTe8XSYjLBJUK5o5Janrfg0mdUyu9DuZ-EwoRavGYz7jeC7sBk5XyxY5E-g8iK987KPmP8KZ8660FvP0NunfK8QQiMsYnwHjNm1IghOrYLHjbnVXERu49QEUNgU/s320/MarcosRey.jpg" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Edmundo Donato (1925-1999), irmão do polêmico escritor Mário Donato (autor do livro “A presença de Anita” - 1948), imortalizou-se com o pseudônimo “Marcos Rey”. Não há leitor juvenil da minha geração que não tenha se divertido com as narrativas de mistério/suspense “O mistério do cinco estrelas” (1981), “Um cadáver ouve rádio” (1983), e outras publicadas pela famigerada “Série Vaga-Lume” (Ed. Ática). </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Depois da sua morte, dando provas de que, em vida, era um verdadeiro mestre do mistério, veio a público seu maior segredo, revelado apenas a um grupo de pessoas mais próximas e ocultado de seus leitores durante toda sua trajetória artística: na infância, em meados da década de 30, manifestou os sintomas da Hanseníase (popularmente conhecida como Lepra) e, adulto, ainda possuía sequelas do mal. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">O pseudônimo, inclusive, fora uma forma eficaz de despistar, no passado, os assustadores agentes do antigo D.L.P. (Departamento de Profilaxia da Lepra), órgão “policialesco” instituído pela secretaria da Saúde do Estado de São Paulo, que fora responsável por duas internações compulsórias do pequeno Donato. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Como acontecia comumente nestes casos, fora denunciado anonimamente e, em seguida, perseguido, detido e levado, primeiramente ao Asilo-Colônia (“campo de concentração”) Santo Ângelo, em Mogi das Cruzes; hoje desativado. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Lá, enfrentou a solidão e as angústias do confinamento, encontrando alívio nas leituras diversas dos livros enviados da capital pelo irmão. Como dominava a língua inglesa, durante a “prisão”, traduziu alguns livros. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Neste período (1942), publica o seu primeiro Conto: “Ninguém entende Wiu Li”, onde se nota a influência do escritor francês Guy de Maupassant (1850-1893). A breve narrativa é publicada no Suplemento Literário de Domingo da Folha da Manhã, ilustrada por Belmonte, famoso chargista/cartunista da época, e já contém o pseudônimo que lhe traria o reconhecimento. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Marcos passou sua adolescência em leprosários, até que, em 1945, consegue escapar do sanatório Padre Bento, em Guarulhos (dizem que até 1967, quando foi extinto o DPL, vigorou ordem de captura contra ele). Mais tarde, escreveria romances urbanos – de excelente qualidade e para adultos – e as narrativas policiais infanto-juvenis que o transformariam num sucesso de vendas e presença obrigatória em grande parte das bibliotecas do nosso país. Agora, está solto e assim é melhor. Vale!</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 15px; line-height: 21px;">MIRANDA, Rafael Puertas de. <i>Mestre do mistério</i></span><span style="background-color: white; font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 15px; line-height: 21px;">. </span><strong style="background-color: white; font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 15px; line-height: 21px;">Jornal Mogi News</strong><span style="background-color: white; font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 15px; line-height: 21px;">, Mogi das Cruzes, 04 de Novembro de 2012. Caderno Variedades, p. 07.</span></div>
Rafael Puertas de Mirandahttp://www.blogger.com/profile/18274112015745239303noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5211012266594138537.post-42336262003687673022012-11-18T01:23:00.000-02:002012-11-18T01:48:53.042-02:00Jabuti casca grossa<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiclM4LknnNobzHLDHT2v7SwCqyMhtkIqpyPKaBxjuIWyDK4-Lwd696G2sCPuKcphzBvX2vc5A-T7MJwaRmmvAjCXNEuCgrZxoBuQ2KNjMJ0ShzF8rTO7oS6k13kV1Hko3xJq1Smzqcr8Y/s1600/jabutiii.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="214" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiclM4LknnNobzHLDHT2v7SwCqyMhtkIqpyPKaBxjuIWyDK4-Lwd696G2sCPuKcphzBvX2vc5A-T7MJwaRmmvAjCXNEuCgrZxoBuQ2KNjMJ0ShzF8rTO7oS6k13kV1Hko3xJq1Smzqcr8Y/s320/jabutiii.jpg" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">No ano de 1959, a Câmara Brasileira do Livro, fundada em 1946, lançava o prêmio literário “Jabuti”, que neste ano chegou a sua 54ª edição. O concurso, com o passar do tempo, devido às transformações de nosso mercado editorial e ao surgimento de novas safras de escritores, acabou se desdobrando em diversas modalidades do fazer literário e da arte do livro e consagrou-se como uma das mais representativas honrarias da plaga tupiniquim. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">De uns tempos para cá, no entanto, a disputa tem causado alvoroço no mundo literário. Em 2010, a Ed. Record anunciou que, em virtude da incoerente nomeação do romance “Leite Derramado” (Ed. Companhia das Letras-SP), de Chico Buarque como o “Livro do Ano”, não mais participaria do evento. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Acontece que, na mesma edição, Chico havia sido derrotado na categoria “romance” pela bem construída e instigante obra “Se eu fechar os olhos agora”, de Edney Silvestre, publicada pelo grupo editorial carioca (este fenômeno já ocorrera em edições anteriores). </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">A injustiça ganhou forte repercussão na Internet e desembocou no movimento/petição: “Chico, devolve o Jabuti!”. Jacaré devolveu o Jabuti? Não? Nem eu. Prevaleceu o “clichê derramado”. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Os organizadores, a fim de acalmarem os ânimos dos não dissidentes, resolveram então alterar as regras do certame, prometendo mais justeza nas edições futuras. Agora, dois anos depois do rebuliço Chico versus Silvestre, outro entrevero desponta no horizonte, reflexo direto das alterações do famigerado regulamento. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Na categoria romance, dez obras foram escolhidas para a fase final. Entre elas, a quelônica “Infâmia” (Ed. Alfaguara/Objetiva), da colar-de-bola nível máster Ana Maria Machado, hoje “presidenta” da Academia Brasileira de Letras. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Embora tenha recebido bons conceitos na primeira etapa, “Infâmia” levou, de um criterioso jurado identificado como “C”, a incrível nota 0,17 (de 0 a 10) na etapa final (há boatos de que “C” seja o atento e demolidor crítico Rodrigo Gurgel). O conceito petrificou a obra na sexta colocação, mas os egos e a editora queriam mais. O episódio tem servido de pretexto para outras editoras justificarem seus choramingos. Quem levou o prêmio, afinal, foi o estreante escritor maringaense Oscar Nakasato que, com a obra “Nihonjin” (Ed. Benvirá), retrata as decepções e transformações vivenciadas pelo imigrante japonês Hideo Inabata (a história é narrada pelo neto de Hideo). Vale mesmo!</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span style="background-color: white; font-size: 15px; line-height: 21px;">MIRANDA, Rafael Puertas de. <i>Jabuti casca grossa</i></span><span style="background-color: white; font-size: 15px; line-height: 21px;">. </span><strong style="background-color: white; font-size: 15px; line-height: 21px;">Jornal Mogi News</strong><span style="background-color: white; font-size: 15px; line-height: 21px;">, Mogi das Cruzes, 28 de Novembro de 2012. Caderno Variedades, p. 07.</span></span></div>
Rafael Puertas de Mirandahttp://www.blogger.com/profile/18274112015745239303noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5211012266594138537.post-7767954237372617482012-10-30T13:08:00.002-02:002012-11-07T17:36:03.107-02:00As crianças de James II<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg4sbzy6VCsFOTqaNs17SyIHG_5a3b1H-g3FI1BqggETSahkKP4-rvVCzjG4Pjp4PXnqAGjp_5q4CMvrcZDDlRsfZ17Ukx-pqEzMKTqqal9Ci1rM5VkU75uQcpecg61DnumMXHw29qS2fM/s1600/imagem.bmp" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="224" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg4sbzy6VCsFOTqaNs17SyIHG_5a3b1H-g3FI1BqggETSahkKP4-rvVCzjG4Pjp4PXnqAGjp_5q4CMvrcZDDlRsfZ17Ukx-pqEzMKTqqal9Ci1rM5VkU75uQcpecg61DnumMXHw29qS2fM/s320/imagem.bmp" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="background-color: white; font-family: Arial, Verdana, 'Microsoft Sans Serif'; line-height: 22.649999618530273px; text-align: left;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="background-color: white; font-family: Arial, Verdana, 'Microsoft Sans Serif'; line-height: 22.649999618530273px; text-align: left;">Um ano antes de publicar a novela "A Outra Volta do Parafuso" (1897), Henry James publicara o romance "</span><i style="font-family: Arial, Verdana, 'Microsoft Sans Serif'; line-height: 22.649999618530273px; text-align: left;">What Maisie Knew</i><span style="background-color: white; font-family: Arial, Verdana, 'Microsoft Sans Serif'; line-height: 22.649999618530273px; text-align: left;">" ("O que Mais e Sabia", que no Brasil encontramos com o título "Pelos Olhos de Maise"), considerado por muitos críticos como um dos mais bem acabados textos do autor. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; font-family: Arial, Verdana, 'Microsoft Sans Serif'; line-height: 22.649999618530273px; text-align: left;">As interessantes elaborações cênicas da trama e o bem planejado enredo denotam a incursão do autor na carreira de dramaturgo (James se referia à técnica empregada como o "método cênico", na narrativa). </span><span style="background-color: white; font-family: Arial, Verdana, 'Microsoft Sans Serif'; line-height: 22.649999618530273px; text-align: left;">Sem abrir mão da elegância construtiva, procura depurar a expressão a fim de oferecer ao leitor, com o máximo de objetividade, uma singular e inquietante obra. </span><br />
<span style="background-color: white; font-family: Arial, Verdana, 'Microsoft Sans Serif'; line-height: 22.649999618530273px; text-align: left;">Como apresentado anteriormente, em "<i>A Outra Volta do Parafuso</i>" (1898), James submete duas personagens infantis às mais terríveis experiências, despertando no leitor atento, além do sobressalto, uma comoção particular; afinal de contas, são apenas duas criancinhas. </span><br />
<span style="background-color: white; font-family: Arial, Verdana, 'Microsoft Sans Serif'; line-height: 22.649999618530273px; text-align: left;">Já em "Pelos Olhos de Maise", uma pequena menina de seis anos não é poupada das difíceis circunstâncias da vida. A história, ambientada em Londres, começa com a truculenta separação de seus pais vulgares e superficiais, Beale e Ida Farange, que acaba se transformando numa desgastante batalha judicial pela filha. </span><br />
<span style="background-color: white; font-family: Arial, Verdana, 'Microsoft Sans Serif'; line-height: 22.649999618530273px; text-align: left;">Ganha a guarda o pai, mas como este deve dinheiro à ex-esposa, resolve dividir a tutela do "fardo" (é comum a crítica especializada comparar a menina a uma "peteca", jogada de um lado para o outro). </span><br />
<span style="background-color: white; font-family: Arial, Verdana, 'Microsoft Sans Serif'; line-height: 22.649999618530273px; text-align: left;">A jovem, a cada seis meses, convive com as baixarias típicas de cada uma das partes. Acredite, querido leitor, não faço uma leitura moral da situação: os pais é que são criaturas abomináveis. A mãe contrata uma babá jovem e bonita que rapidamente ganha a afetividade de Maise.</span><br />
<span style="background-color: white; font-family: Arial, Verdana, 'Microsoft Sans Serif'; line-height: 22.649999618530273px; text-align: left;">Esta babá boazinha, no entanto, muda de lado ao se transformar na nova esposa de seu pai. Neste momento, a mãe descobre um novo amor: um jovem espirituoso que nutre um grande carinho pela pequena. </span><span style="background-color: white; font-family: Arial, Verdana, 'Microsoft Sans Serif'; line-height: 22.649999618530273px; text-align: left;">Por fim, a babá madrasta e o jovem padastro se unem numa tórrida paixão, chutam os seus antigos parceiros e decidem fugir e criar a pequena. </span><br />
<span style="background-color: white; font-family: Arial, Verdana, 'Microsoft Sans Serif'; line-height: 22.649999618530273px; text-align: left;">A menina, contudo, abre mão do novo lar para ficar com a babá feia (que ainda não havia entrado neste resumo). O</span><span style="background-color: white; font-family: Arial, Verdana, 'Microsoft Sans Serif'; line-height: 22.649999618530273px; text-align: left;">s pais continuam separados e irreparáveis.</span><br />
<span style="background-color: white; font-family: Arial, Verdana, 'Microsoft Sans Serif'; line-height: 22.649999618530273px; text-align: left;">A história, que recentemente ganhou uma releitura moderna para o cinema (dirigido por </span><span style="background-color: white; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Scott McGehee e David Siegel; exibido em Setembro, no Festival de Toronto),</span><span style="background-color: white; font-family: Arial, Verdana, 'Microsoft Sans Serif'; line-height: 22.649999618530273px; text-align: left;"> esmiúça os sentimentos e reações interiores de uma criança à mercê dos desatinos daqueles que supostamente a criam. </span><span style="background-color: white; font-family: Arial, Verdana, 'Microsoft Sans Serif'; line-height: 22.649999618530273px; text-align: left;">A menina sabe demais. Enfim, já não é mais uma menininha. Vale!</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; font-family: Arial, Verdana, 'Microsoft Sans Serif'; line-height: 22.649999618530273px; text-align: left;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; line-height: 21px;">MIRANDA, Rafael Puertas de. <i>As crianças de James II</i></span><span style="background-color: white; font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; line-height: 21px;">. </span><strong style="background-color: white; font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; line-height: 21px;">Jornal Mogi News</strong><span style="background-color: white; font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; line-height: 21px;">, Mogi das Cruzes, 21 de Outubro de 2012. Caderno Variedades, p. 07.</span></div>
Rafael Puertas de Mirandahttp://www.blogger.com/profile/18274112015745239303noreply@blogger.com2