Alguns outros tantos críticos e
historiadores da Literatura Brasileira validam o pioneirismo do romance “O
filho do pescador”(1843), de Teixeira e Souza. Nelson Werneck Sodré, na sua História da Literatura Brasileira (seus fundamentos
econômicos), destaca “Se deixarmos de parte duas ou três contribuições
destituídas de importância e só a rigor abrangidas pelo gênero, verificaremos
que o primeiro romancista nacional foi Teixeira e Souza”.
Antônio Cândido, na obra Formação da Literatura Brasileira (Momentos
Decisivos), concorda com o pioneirismo da obra do “carpinteiro de Cabo
Frio”, ao mesmo tempo em que expõe a baixa qualidade da literatura produzida
pelo autor (no capítulo: “Sob o signo do
folhetim: Teixeira e Souza”, da referida obra): “Ele representa (o folhetinesco), com efeito, em todos os
traços de forma e conteúdo, em todos os processos e convicções, nos cacoetes,
ridículos, virtudes”. Também, José Aderaldo de Castello e Luiz Roncari validam
a posição do romance.
Todos os críticos até aqui
mencionados, unanimemente, indicam a consagrada obra “A Moreninha” (1844), do
Doutor Joaquim Manuel de Macedo, romance muito mais bem acabado, como o segundo
do panteão nacional.
Não sei se o querido leitor se
lembra, mas o assunto, “remoído” no percurso anterior, veio à tona em uma
teimosa discussão literária de final de tarde e, agora, explico-a. Um amigo das
Letras deitara em minhas mãos um caprichado trabalho de sua autoria a respeito da obra “A
Divina Pastora”, do escritor porto-alegrense José Antônio do Vale Caldre e Fião.
A referida narrativa, publicada
no Rio de Janeiro em 1847, com o subtítulo “Novela Rio-grandense”, sufocada
pelo esquecimento ou vítima de alguma tramoia, desapareceu de nossas
prateleiras, sendo redescoberta apenas em 1992 por um livreiro gaúcho, no
Uruguai e, no mesmo ano, republicada. Na mencionada pesquisa, a obra é
apresentada como o segundo romance da História da Literatura Brasileira,
ficando atrás apenas de “A Moreninha”. O leitor pode imaginar o meu espanto. Orientei
o colega que me jurou ter executado uma pesquisa acurada em sites diversos.
Acabrunhado, decidi visitar alguns dos sites mencionados e, para meu espanto
maior, lá o erro se repetia de forma estrondosa.
Como diria o outro “No Paraguai,
a história do Brasil é outra!”, e parece-me que também no Rio Grande do Sul, a
história da Literatura Brasileira não é a mesma.
MIRANDA, Rafael Puertas de. Do primeiro romance nacional II. Jornal Mogi News, Mogi das Cruzes, 04 de Agosto de 2013. Caderno Variedades, p. 07.
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