domingo, 8 de setembro de 2013

Do primeiro romance nacional II

 
 
          Alguns outros tantos críticos e historiadores da Literatura Brasileira validam o pioneirismo do romance “O filho do pescador”(1843), de Teixeira e Souza. Nelson Werneck Sodré, na sua História da Literatura Brasileira (seus fundamentos econômicos), destaca “Se deixarmos de parte duas ou três contribuições destituídas de importância e só a rigor abrangidas pelo gênero, verificaremos que o primeiro romancista nacional foi Teixeira e Souza”.
           Antônio Cândido, na obra Formação da Literatura Brasileira (Momentos Decisivos), concorda com o pioneirismo da obra do “carpinteiro de Cabo Frio”, ao mesmo tempo em que expõe a baixa qualidade da literatura produzida pelo autor (no capítulo: “Sob o signo do folhetim: Teixeira e Souza”, da referida obra): “Ele representa (o folhetinesco), com efeito, em todos os traços de forma e conteúdo, em todos os processos e convicções, nos cacoetes, ridículos, virtudes”. Também, José Aderaldo de Castello e Luiz Roncari validam a posição do romance.
          Todos os críticos até aqui mencionados, unanimemente, indicam a consagrada obra “A Moreninha” (1844), do Doutor Joaquim Manuel de Macedo, romance muito mais bem acabado, como o segundo do panteão nacional.
          Não sei se o querido leitor se lembra, mas o assunto, “remoído” no percurso anterior, veio à tona em uma teimosa discussão literária de final de tarde e, agora, explico-a. Um amigo das Letras deitara em minhas mãos um caprichado trabalho de sua autoria a respeito da obra “A Divina Pastora”, do escritor porto-alegrense José Antônio do Vale Caldre e Fião.
          A referida narrativa, publicada no Rio de Janeiro em 1847, com o subtítulo “Novela Rio-grandense”, sufocada pelo esquecimento ou vítima de alguma tramoia, desapareceu de nossas prateleiras, sendo redescoberta apenas em 1992 por um livreiro gaúcho, no Uruguai e, no mesmo ano, republicada. Na mencionada pesquisa, a obra é apresentada como o segundo romance da História da Literatura Brasileira, ficando atrás apenas de “A Moreninha”. O leitor pode imaginar o meu espanto. Orientei o colega que me jurou ter executado uma pesquisa acurada em sites diversos. Acabrunhado, decidi visitar alguns dos sites mencionados e, para meu espanto maior, lá o erro se repetia de forma estrondosa.
           Como diria o outro “No Paraguai, a história do Brasil é outra!”, e parece-me que também no Rio Grande do Sul, a história da Literatura Brasileira não é a mesma.
 
MIRANDA, Rafael Puertas de. Do primeiro romance nacional II. Jornal Mogi News, Mogi das Cruzes, 04 de Agosto de 2013. Caderno Variedades, p. 07.

Nenhum comentário:

Postar um comentário